São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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Crítica/série/"Lipstick Jungle"

Versão "envelhecida" de "Sex" é mais do mesmo

CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL

Cortaram a Charlotte; envelheceram e repaginaram Carrie, Samantha e Miranda. Dez anos depois da estréia da série "Sex and the City" (que acabou em 2004), a escritora Candace Bushnell, 49, volta às telas com "Lipstick Jungle" (na tradução literal, "selva de batom").
A fórmula é quase idêntica: mulheres independentes e glamourosas (entenda-se endinheiradas e fúteis) compartilham seus problemas mais íntimos (amorosos e sexuais), em meio aos prédios, táxis e bares de Nova York. Mas, agora, elas estão mais perto dos 40 do que dos 30 anos e têm carreiras mais consolidadas.
A favor da série, que estréia amanhã na Fox, há o fato de ter sido bem recebida nos EUA, garantindo uma segunda temporada -"Cashmere Mafia", também "inspirada" em "Sex" e protagonizada por Lucy Liu, durou só sete episódios. À história: no lugar de Carrie, agora quem sofre a dor de ser solteira-em-busca-do-príncipe é a estilista Victory Ford (a talentosa Lindsay Price).
Já nos primeiros episódios, Victory consegue repetir uma série de feitos que a protagonista escritora de "Sex and the City" demorou seis temporadas para alcançar. Aqui estão os altos e baixos profissionais, o bloqueio criativo, a paixão pelo milionário com medo de compromisso (um novo Mr. Big?) e até a viagem dos sonhos a Paris. Mas Victory não narra os episódios, como Carrie fazia, e perde espaço pela insistência da produção em fazer de Brooke Shields o foco prioritário.

A nova Miranda
A personagem de Shields, Wendy, se parece com a Miranda de "Sex", justamente quem menos atraía o público. É que sua vida tem menos graça -mãe, workaholic, precisa conciliar as necessidades da família e o sucesso profissional. Sai a advogada (Miranda), entra uma executiva de cinema, trazendo para "Lipstick" outro elemento cada vez mais corrente nas séries americanas: os bastidores de Hollywood.
Logo no início da primeira temporada, que estreou em fevereiro nos EUA, uma inimiga de Wendy arrisca sua carreira espalhando na mídia suas falhas como mãe. Para salvá-la, entra em cena a terceira melhor amiga, Nico (Kim Raver). A loira fatal, casada, dará um toque "Samantha" à série. É ela quem protagoniza as cenas picantes dos primeiros episódios, porém não com a mesma ousadia da ninfomaníaca de "Sex and the City". E, se há dez anos o jeito "libertário" de Samantha surpreendia, hoje ele soa um tanto envelhecido.
É essa a principal falha de "Lipstick Jungle". Sem surpreender, a série retoma o que no século passado foi novidade.


LIPSTICK JUNGLE
Quando:
estréia amanhã, às 22h
Onde: na Fox
Classificação indicativa: não recomendada para menores de 16 anos
Avaliação: regular



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