São Paulo, segunda, 24 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Duetos insólitos comprometem trabalho

do enviado ao Rio

O produtor Robertinho do Recife diz que um disco como "Casa do Forró" visa promover "encontros memoráveis".
O encontro entre Alcione e Antonio Barros & Cecéu faz justiça à frase. Mas ouvir Maurício Mattar e Elymar Santos interpretando forró é tão memorável quanto a extração de um dente de siso.
Qual o critério para se juntar nomes como Zé Ramalho, Dominguinhos e Quinteto Violado com o sambaxé do Terrasamba e a desafinação hedionda do galã-cantor Maurício Mattar.
Não que discos de duetos devam trazer apenas parcerias consoantes. O contraste muitas vezes dá sabor a esse tipo de trabalho.
É o caso da interpretação de "Isso Aqui Tá Bom Demais", com Zeca Baleiro e o Trio Nordestino, ou do "crossover" entre forró e rock promovido por Lenine e Frejat em "Pagode Russo", que, mesmo sem ter funcionado perfeitamente, foi uma mistura criativa.
Duetos totalmente heterogêneos, no entanto, podem ter resultados infelizes. Marinês, cantora com 50 anos de carreira que já gravou sucessos como "Por Debaixo dos Panos" merecia companhia melhor do que Elymar Santos, célebre por músicas que falam de tórridas paixões de motel.
Pelo menos uma das duplas casou perfeitamente bem: Falcão e Genival Lacerda, que interpretaram "Talco no Salão", música cuja letra irreverente condiz com o bom-humor que caracteriza o trabalho de ambos.
As escolhas infelizes de muitas duplas foram compensadas ao final da apresentação, quando Dominguinhos, após ter interpretado "O Casamento da Raposa", voltou ao palco para homenagear Luiz Gonzaga, com uma bela leitura de "Vida de Viajante". (BG)


O jornalista Bruno Garcez viajou ao Rio a convite da gravadora PolyGram


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.