|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MEMÓRIA
Discos do tenor rendem US$ 100 mil por ano a seu espólio
Voz de Mário Lanza brilha,
40 anos depois de sua morte
EGÍDIO GRANDINETTI JÚNIOR
especial para a Folha
Mário Lanza foi sob inúmeros
aspectos um fenômeno do nosso tempo. Magnífica voz de tenor, tinha uma extensão até o ré
bemol e o dó-de-peito, um admirável colorido, potência extraordinária e um timbre personalíssimo.
Entretanto, Lanza não se dedicou à carreira que é a natural para os tenores, isto é, a do teatro
lírico, herança de uma tradição
de três séculos. Preferiu entregar-se aos modernos meios de
comunicação artística, o cinema, o rádio, o disco, a televisão,
além de apresentações em recitais e concertos.
Aliás, foi num concerto no
Hollywood Bowl que obteve
enorme sucesso. No meio do
imenso público estava o todo-poderoso dono da MGM, Louis
B. Mayer, que lhe ofereceu um
contrato de sete anos.
O primeiro filme, "Aquele
Beijo à Meia-Noite" ("That
Midnight Kiss") foi sucesso absoluto. Em 1949, Mário Lanza
assinou contrato com a RCA
Victor-BMG, gravando no dia 5
de maio, no Manhattan Center
de NY, os seus primeiros discos.
Ao longo de sua carreira, Lanza
construiu um catálogo de mais
de 200 títulos, sem contar os fonogramas extraídos de programas de rádio, televisão e de concertos ao vivo.
Porém, o triunfo mundial de
Mário Lanza viria em 1951. Em
maio, com um fantástico esquema publicitário, era apresentado em estréia de gala, no Radio
City Music Hall (NY), "O Grande Caruso". O filme rendeu US$
25 milhões aos produtores, enquanto o cantor, pelos discos,
recebeu em menos de um ano
US$ 764 mil.
Os discos de Lanza continuam
rendendo mais de US$ 100 mil
anuais para seu espólio. Uma
soma respeitável para um cantor clássico que se foi há tanto
tempo.
Seus filmes realizados na Metro ainda são exibidos repetidamente na TV e podem ser encontrados em lojas de vídeo.
Brilhou nos filmes que fez,
mas ele próprio buscou a ruína
de sua carreira com seus excessos: era um devorador de pratos
suculentos e seu apetite deixava
qualquer um espantado.
Os dirigentes do estúdio arrancavam os cabelos em desespero ao vê-lo engordar, porque
o cinema não podia mostrar um
jovem galã pesando 100 quilos.
Ele se torturava ao fazer regime
de emagrecimento, mas submetia-se a isso todas as vezes que
voltava a trabalhar. Isso serviu
para abatê-lo na Itália, no dia 7
de outubro de 1959, na Clínica
Luigia, de Roma, onde morreu
aos 38 anos de idade, vitimado
por infarto.
De Lanza ficaram a sua bela
voz em discos e seus próprios
filmes, entre os quais "Tu És Minha Paixão" e "O Grande Caruso", certamente o mais famoso.
No ano da sua morte, ainda
fez para a MGM seus dois últimos longa-metragens: "As Sete
Colinas de Roma" ("The Seven
Hills of Rome") e "Pela Primeira
Vez" ("For The First Time"), no
qual tem performance inesquecível, cantando o ato final da
ópera "Otelo", de Verdi, no qual
o tenor contracena com Lícia
Albanese.
Na biografia do cantor recentemente lançada pela editora
Amadeus Press e escrita por Roland L. Bessette, o tenor Plácido
Domingo admitiu que "O Grande Caruso" exerceu grande influência em sua carreira; já Pavarotti, teve seus anseios elevados ao ouvir "Be My Love com
Lanza". O terceiro tenor, José
Carreras, também confirma a
atração pela voz e o carisma de
Mário Lanza.
No Brasil existem dois discos
em catálogo do cantor: "Lanza's
Greatest Hits" e "Whit A Song
In My Heart" (BMG-Camden).
Texto Anterior: Cinema Festival do Rio: Novo filme de Altman encena a vida como jogo Próximo Texto: Dança: Richard Cragun escolhe novos bailarinos para o Ballet Guaíra Índice
|