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Companhias latinas lutam para sobreviver à crise
DA ENVIADA A LYON
Ao promover um encontro raro
entre grupos da América Latina, a
Bienal da Dança de Lyon deste
ano revela o trabalho de resistência empreendido por bailarinos e
coreógrafos para sobreviver às dificuldades típicas do continente.
Ana Maria Stickelman, renomada coreógrafa da Argentina,
assegura que a produção cultural
não foi interrompida pela crise
econômica do país. "Com dinheiro ou sem dinheiro, companhias
de teatro e de dança continuam
trabalhando. Parece que as dificuldades estão estimulando a
criação artística", diz Stickelman,
que dirige o grupo Tangokinesis,
uma das atrações da Bienal.
"Nós vamos sobreviver. Como
as aranhas, que sobreviveram ao
dilúvio", acrescenta a coreógrafa,
sem dissimular tristeza. Como
Stickelman, também a venezuelana Luz Urdaneta resiste às instabilidades de seu país à frente do
Danzahoy, grupo residente do
principal teatro de Caracas, o Teresa Carreño.
Junto com a irmã, Adriana Urdaneta, e o francês Jacques Broquet, que se considera um latino-americano e também participa da
direção do Danzahoy, ela não
abandona a perspectiva de realizar projetos ousados, como a formação de uma escola capaz de
congregar criadores de toda a
América Latina. "O problema é
que estamos vivendo sob a personalidade ególatra do presidente
Hugo Chávez, que acha a cultura
elitista e não permite fazer nada
sem a sua autorização."
Luz Urdaneta ironiza, afirmando que neste ano o Danzahoy está
vivendo de pagamentos virtuais.
"Ainda não recebemos um bolívar do governo."
A saída para bailarinos e coreógrafos, segundo ela, tem sido trabalhar em publicidade.
Na Colômbia, em meio a dificuldades ainda maiores, o coreógrafo Álvaro Restrepo renunciou
à carreira na Europa, onde viveu e
conquistou reconhecimento, para
dirigir na cidade de Cartagena o
grupo El Colegio del Cuerpo, cuja
maior missão é proporcionar
perspectivas para crianças e adolescentes da população pobre.
"Num país em guerra, creio que
estamos plantando uma proposta
de paz e ética do corpo", afirma
Restrepo.
(AFP)
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