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Crítica
"Zuzu Angel" narra o que a ditadura calou
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Até os anos 50, o cinema era o
veículo onde certas histórias
tornavam-se visíveis. Com a televisão, certas coisas acabaram.
Como pensar num filme sobre,
digamos, a garota que mata os
pais com o intuito de beneficiar
o namorado?
O noticiário da TV já nos intoxicou com essas imagens, já
entrevistou a vizinhança, os
amigos, inimigos, advogados.
Por isso, esse tipo de filme não
faz mais sentido.
Talvez por isso, também,
"Zuzu Angel" (Canal Brasil,
22h) seja um dos filmes mais
estimáveis de Sérgio Rezende.
Existia algo a desvendar ali
porque, tendo essa história se
passado num tempo de censura política, durante o governo
militar, o destino da estilista
que se pôs a combater torturadores acabou ignorado por
quase todo mundo.
São funções menores num
cinema moderno: fazer do filme um modo de "divulgação",
por um lado, e, por outro, acreditar num mundo que se divide
entre bons e maus. Mas não é
de filme moderno que estamos
falando, mas de filme de massa.
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