LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Presas por cabos de aço, duas moças brincam de perseguição sobre uma cortina prateada. Mais tarde, um tatame de plástico cheio d'água desce do teto até o nível da cabeça do espectador. Nele, quatro beldades nadam, pulam e fazem charme, embaladas por música eletrônica e murga (ritmo argentino).
As duas cenas estão em "Fuerzabruta", misto de balé acrobático, performance, rave e teatro high-tech, que chega hoje a São Paulo depois de turnês pela Europa e pelos EUA.
Encenado numa tenda com capacidade para 1.100 pessoas, o espetáculo argentino parte não de idéias, mas de "desejos físicos", segundo seu diretor, Diqui James: "O teatro não nasceu de uma idéia intelectual, de literatura. Nos últimos dois séculos é que as pessoas começaram a escrever teatro. Como assim? Escreve-se literatura. Teatro é ação. Ficou demasiadamente intelectual."
Som alto, tecnologia de ponta e iluminação feérica não acabam anestesiando o público, inibindo a interação? "É a rotina que anestesia. Despertamos a platéia, a sacamos do embotamento", diz o diretor James.