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Autor quer "globalizar"
da Agência Folha, em Recife
Fred Navarro teve a idéia de fazer
um dicionário de "nordestês" por
conta de sua experiência pessoal.
Pernambucano de Recife, mora
em São Paulo há 13 anos e presta
serviços para editoras paulistas.
Ele conta que, desde que vive fora de Pernambuco, "perdeu a conta" do número de expressões que
utilizava e que as pessoas não conheciam.
No ano passado, assistiu, acompanhado de um casal carioca, ao
filme "Baile Perfumado", dos pernambucanos Paulo Caldas e Lírio
Ferreira, sobre o cangaço.
"O casal gostou do filme, mas
não entendeu metade dos termos
empregados pelos atores", diz Navarro.
"O dicionário é uma forma de integrar o universo vocabular da região ao resto do país."
Leia a seguir trechos da entrevista que o autor concedeu à Agência
Folha.
(VS)
Agência Folha - O que o senhor
pretende com "Assim Falava Lampião?"
Fred Navarro - Levar a cultura do
Nordeste para fora dos limites da
região, facilitando a sua compreensão. A mesma globalização
que nos traz muita coisa de fora,
como filmes iranianos e de Woody
Allen, não pode também expandir
o bumba-meu-boi?
Agência Folha - O livro, então,
não reforça as diferenças regionais?
Navarro - Pelo contrário, integra.
Eu gostaria que minha obra incentivasse outros autores a escrever
glossários de regiões que possuem
um linguajar riquíssimo, como
Santa Catarina e Rio Grande do
Sul, Minas Gerais e Goiás.
Agência Folha - O senhor quis fazer um trabalho científico ou literário?
Navarro - Nenhum dos dois. É
um trabalho jornalístico. Quis fazer um registro daquilo que, em
sua maior parte, existe apenas na
linguagem oral.
Agência Folha - Numa análise geral, o que mostra a relação feita
pelo senhor?
Navarro - A resistência cultural
de um povo que, apesar da influência e modernização dos meios de
comunicação, mantém nomes e
expressões típicos da região.
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