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Leila Pinheiro quer entrar para o pop com "Na Ponta da Língua'
RICARDO FOTIOS
enviado especial ao Rio
Leila Pinheiro, 38, não quer mais
ser a princesa da bossa nova. Depois de gravar 44 clássicos do gênero que perpetuou o banquinho e
violão como símbolo da MPB, a
cantora lança "Na Ponta da Língua", seu nono disco, com composições de Marina Lima, Alvin L.,
Adriana Calcanhotto e Frejat, entre outras parcerias inusitadas e
voltadas para o pop nacional.
"Eu já gravei o que há de melhor
da bossa nova, dei a minha contribuição, espontaneamente. Acho
que hoje não só não há espaço para
esse tipo de canção na mídia, como
não há nenhum desejo meu em
gravar", afirma Leila. "A bossa nova essencial não existe mais, porque no seu auge estava inserida
num contexto. Hoje virou música
para velho. Cansei de ouvir isso."
Desde a capa do novo CD, Leila já
demonstra que algo mudou em
sua maneira de encarar sua arte.
Em tons de vermelho, com uma foto da cantora de língua de fora e
uma tarja preta sobre os olhos, o
encarte sugere que o CD está voltado ao erotismo, tema inimaginável
na carreira da cantora até então.
Mas, quando se ouve as músicas,
percebe-se que a mudança não é
tão profunda, pelo menos do ponto de vista musical. A cada faixa o
que se ouve é a mesma Leila melancólica, num ambiente de fato
mais popular. O hábito de "cortar
os pulsos", diz a própria, ao cantar
não deixou a cantora.
Ainda assim, as músicas "Pra nos
Lembrar", de Marina Lima e Alvin
L., e "Abril", de Adriana Calcanhotto, mostram uma interpretação bem mais emocional do que
técnica. O que no caso de Leila pode-se considerar uma mudança radical. A vinheta "Na Ponta da Língua", de Walter Franco, põe a voz
da cantora em outro plano, baseado por percussão e não por seu inseparável piano.
"Cresci com a coisa da bossa nova, cuja característica básica é a riqueza de harmonia e melodia. Eu
tinha um certo pé atrás com uma
parte do pop, do rock. E para esse
novo trabalho, quando me dei
conta, tinha muito mais canções
do pop pra gravar do que composições da MPB tradicional", conta.
E essa viagem de Leila pelo mundo dos compositores populares,
apesar de não ter nada de radicalmente moderno, pode até gerar
mais surpresas. "Vou mergulhar
mais nesse universo da música eletrônica para adequá-lo ao meu
canto. Talvez uma música deste
disco possa ser remixada por um
DJ. Pode ser interessante."
A abertura na carreira de Leila,
que garante que irá até participar
de programas de TV para apresentar seu disco, tem uma razão muito
clara: "Meu último trabalho vendeu cerca de 100 mil cópias, e o
Brasil tem mais de 160 milhões de
habitantes. Acho que mais pessoas
deveriam comprar meus discos.
Quero vender 1 milhão. Quero
chegar a outro público", confessa.
²
O jornalista
Ricardo Fotios viajou a convite da
gravadora EMI Music
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