|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FESTIVAL
Fórum com pensadores e apresentações de palhaços internacionais integram programação de encontro paraibano
Evento tenta fechar orçamento de R$ 1,2 mi
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Cidade-sede da escola Piollin,
que há 24 anos ocupa (no início
clandestinamente) um convento
do século 19, de arquitetura barroca, hoje epicentro da cultura local, João Pessoa dedica-se oficialmente ao riso desde 1983, quando
o Circo Piollin, ligado à escola que
lhe dá nome, organizou o 1º Festival de Palhaços da Paraíba.
O homenageado daquela primeira edição foi o artista negro
Querrenca, palhaço das lonas e
das ruas. O festival fez bem à auto-estima do cômico popular, afirma
o coordenador de "O Riso da Terra", Luiz Carlos Vasconcelos.
Mais de uma década e meia depois -daqueles hiatos inexplicáveis que perpetuam a produção
cultural brasileira-, em 1997, por
ocasião do centenário de nascimento do palhaço Piolim (Abelardo Pinto, 1897-1973), aconteceu a segunda edição.
Dessa vez, aberta também a mateus e catirinas (os personagens
do bumba-meu-boi). "Foi a gota
d'água para uma aproximação
ainda maior com a cultura popular", afirma Vasconcelos.
Artistas que participaram da segunda edição, como o grupo Lume, de Campinas, e o escritor pernambucano Ariano Suassuna,
voltam para "O Riso da Terra".
Entre os palhaços internacionais, destacam-se o dinamarquês
Kai Bredholt, que trabalhou no
grupo Odin Teatret, de Eugenio
Barba; os americanos Jango Edwards e Laura Herts e a australiana Sue Broadway, estas últimas
palhaças de carreira.
Além dos solos, há companhias
como a espanhola Los Excéntricos, a francesa La Voyageur Debout, a africana Kakaloi, de Gana,
a argentina Chacovachi e a espanhola Tortell Poltrona, encabeçada pelo artista com a qual é batizada, um dos fundadores do movimento europeu Palhaços sem
Fronteira.
O "Fórum do Riso" inclui debates com mesas que versarão sobre
danças populares, teatro, circo, cinema, oralidades, ciência, filosofia, medicina e riso. Entre os conferencistas, o pesquisador italiano
Roberto Tessari, o professor de
psicologia Robert Provine e o psiquiatra William Fry, ambos americanos e especializados nos efeitos do riso na sociedade.
Vasconcelos prepara "O Riso da
Terra" há cerca de quatro anos.
Projetava-o para 1999, mas não
conseguiu captar o orçamento de
R$ 2,8 milhões, reduzido hoje a
R$ 1,2 milhão, o que implicou cortes na programação. Já tem garantidos R$ 400 mil de patrocínio
da Petrobras e outros R$ 300 mil
repartidos pela Prefeitura de João
Pessoa e o governo da Paraíba.
O coordenador tenta captar os
R$ 500 restantes e reconhece que
está "atrasadíssimo", sobretudo
após o fatídico 11 de setembro,
quando caíram acordos firmados
com empresas aéreas. "Estamos
precisando de muito apoio, mas
nada vai impedir de ver a festa humana materializada", diz Vasconcelos.
(VALMIR SANTOS)
Texto Anterior: Ataque de risos Próximo Texto: Frases Índice
|