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ARTES PLÁSTICAS
Pintor carioca expõe novas telas que tematizam arquitetura
Daniel Senise retorna ao Brasil mais conceitual
RODRIGO MOURA
DA REPORTAGEM LOCAL
Daniel Senise, 45, estala em São
Paulo com trabalho novo, diferente, instigante. Caso raro de artista com demanda maior que
produção, o pintor-pop-star, fenômeno no surto da pintura nos
anos 80, aterrissa no Brasil depois
de dois anos vivendo em Nova
York, numa espécie de retiro do
qual seu trabalho saiu lucrando.
É o resultado dessa fase que Senise mostra a partir desta noite na
galeria Brito Cimino. Na série de
pinturas, o conceito parece ocupar um papel central no entendimento das obras. Trata-se de representações de espaços arquitetônicos, em sua maioria de museus ou do ateliê do artista.
A partir de uma impressão do
chão do ateliê, o artista constrói as
perspectivas sobre a superfície
com recorte e colagem, dissolvendo de certa maneira qualquer aspecto planar que sua pintura pudesse ter. Obtém-se, com essa
operação, o que o artista chama
de espaço real e espaço virtual.
"Para mim, sempre foi fundamental a noção de que a tela é um
objeto, mas também uma janela
para a ilusão. É um suporte passivo e ativo. E, de certa forma, a
maioria da pintura contemporânea, que vem depois do modernismo, é isso. Ela se manifesta pela presença física do objeto e trata
das coisas que a pintura sempre
tratou. Para a pintura continuar a
existir, a solução natural é essa."
Essa colocação, digamos, mais
reflexiva da pintura não chega a
ser novidade na obra de Senise. Só
que se mostra mais acirrada ainda
nessa produção recente. Caso
mais evidente é a série que ocupa
agora as cavalariças do parque Lage, que representam o próprio espaço que ocupam e foram feitas a
partir de impressões do chão das
cavalariças. É o conceito das novas obras em versão "fully", como
diz o artista. "O retorno aos fundamentos da pintura, depois desse hiato do modernismo, é tentar
pintar o que ainda falta ser pintado. Esse é o meu mote: pintar apesar e com a história da pintura."
E Nova York teve algum efeito
para esta fase mais "cabeça"? "Resolvi dar um tempo, ver no que o
contexto ia influenciar o trabalho.
Cheguei lá há dois anos e demorei
seis meses para me decidir a mostrar essas obras. Deixar o Rio foi
importante porque era uma cidade que tinha o meu tamanho,
muita influência do meio. Nova
York é bem maior do que eu, e isso me deu muita disciplina."
DANIEL SENISE - exposição individual
do pintor. Onde: galeria Brito Cimino (r.
Gomes de Carvalho, 842, SP, tel. 0/xx/
11/3842-0634). Quando: abertura hoje,
às 19h; de ter. a sáb., das 11h às 19h; até
14/11. Quanto: entrada franca.
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