São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2006

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Moscow City Ballet apresenta clássicos da dança

Em primeira turnê pelo Brasil, companhia russa mostra "Romeu e Julieta" e "Dom Quixote" no Teatro Municipal

Grupo conta com 60 bailarinos, com a idade média entre 23 e 26 anos, a maioria formada nas principais escolas da Rússia


INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA

O Moscow City Ballet (MCB) faz sua primeira turnê pelo Brasil. Passou pelo Rio de Janeiro, chega a São Paulo nesta semana e segue depois para Salvador, Aracaju e Recife, apresentando montagens de "Romeu e Julieta","Don Quixote" e "Lago dos Cisnes".
Fundada em 1988 por Victor Smirnov-Golovanov, 72, ex-bailarino do Bolshoi, a companhia é dirigida por ele e por Ludmila Nerubashenko. "Nossa companhia nasceu junto com a nova liberdade adquirida pela Rússia; e acho que agora sentimos mais liberdade ainda do que antes", diz Golovanov em entrevista, por e-mail, para a Folha.
Para ele o "MCB é a companhia de balé onde é possível encontrar algo que não se encontra mais no próprio Bolshoi: as tradições do Bolshoi". O MCB se apresenta regularmente pelos quatro cantos do mundo: Chipre, Egito, Estônia, Alemanha, Hong Kong, Israel, Japão, Lituânia, Taiwan e Estados Unidos, entre outros.
O grupo conta com 60 bailarinos, com a idade média entre 23 e 26 anos, a maioria formada nas principais escolas da Rússia, como a Academia Vaganova do Ballet Kirov, a Russian Academy of Theatre Arts, o UFA Choreographic Institute e o Moscow Academy Choreographic Institute.
O acento característico da dança russa, para Golovanov, vem do fato de "os grandes dançarinos russos sempre dançarem com a alma, como se cada dança fosse a última. Quando se vê o balé francês ou britânico, o que impressiona mais é a precisão dos movimentos, a técnica -algo que também se vê na dança russa, é claro, mas não acima de tudo o mais". O repertório escolhido para a turnê brasileira dá à platéia "oportunidade de ver a companhia de vários ângulos. O "Lago do Cisne" é como um teste para um grupo ser chamado de balé clássico. "Don Quixote" é um balé que permite total liberdade de expressão para a escola de balé russa. "Romeu e Julieta" é nossa produção mais recente, e, na minha opinião, o caminho para o futuro do balé clássico".
Em sua essência essas peças "representam, no palco, a vida com todos seus papéis, ao invés de só cultivar movimentos perfeitos", diz Golovanov. "Essa é uma marca característica da nossa companhia, que une teatro e dança. A composição dramática é expressa nos gestos, onde cada movimento tem um sentido e ajuda a desenvolver a história."

"Dom Quixote"
Na temporada paulista o grupo apresentará "Romeu e Julieta" inspirada na tragédia de William Shakespeare (1564-1616). Na dança, dramas do amor na tragédia de todos os tempos. E "Don Quixote", inspirado no romance de Miguel de Cervantes ("Dom Quixote de la Mancha", de 1615). Para essa remontagem, Golovanov partiu da versão de Marius Petipa e das montagens de Alexander Gorsky e Zakharov.
A dança se modifica com o passar do tempo: "esses balés, cada um criado não por uma só pessoa, são entidades compostas que vêm se desenvolvendo ao longo de mais de cem anos", continua o coreógrafo.
Apesar da hierarquia tradicional das montagens da dança clássica, Golovanov diz que "a MCB não é uma companhia onde as estrelas e o corpo de baile existem separadamente. Cada dançarino é uma estrela, ajudando a compor a maravilhosa imagem do céu à noite".


ROMEU E JULIETA
Quando:
amanhã e qui, às 21h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nš, tel. 0/xx/11/6163-5087)
Quanto: de R$ 50 a R$ 180

DON QUIXOTE
Quando:
sex. e sáb., às 21h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nš, tel. 0/xx/11/6163-5087)
Quanto: de R$ 50 a R$ 180


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