São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Alexandre Frota sabe esmurrar preconceitos


NUNCA PRETENDEU SER UM EXEMPLO DE INTEGRIDADE ARTÍSTICA. MAS CONSEGUIU DAR UM MURRO NA CARA NO PÂNTANO DO PRECONCEITO

IVAN FINOTTI
DE SÃO PAULO

À primeira vista, ele é uma espécie de Cigano Igor alucinado. Ninguém em sã consciência seria capaz de defender, numa mesa de bar com amigos, os atributos artísticos de Alexandre Frota.
Em geral, ri-se alto quando se fala nele. Suas carreiras de funkeiro (com participação de Geisy Arruda, aquela do microvestido rosa na faculdade) e ator pornô (12 filmes e 78 mulheres entre 2004 e 2009, segundo sua própria contagem) estão entre as mais lembradas.
Mas ele exerce muitas outras profissões curiosas, como DJ, empresário de celebridades, jogador de futebol americano e, agora, humorista de "comédia stand-up".
O caso é que essas descrições apenas arranham uma personagem complexa. Sim, complexa.
Senão assim, como explicar que Alexandre Frota de Andrade tenha se tornado ator, diretor e conselheiro de novos programas da Record, emissora sabidamente evangélica após lançar filmes em que transa com a travesti Bianca Soares?
Ou ainda, como entender que o homem que se declara "protótipo do pitboy" tenha sido contratado há poucos meses pelo SBT como ator e diretor de projetos especiais.
Ao mesmo tempo, o que se pensa dele pode ser exemplificado pela ironia mordaz do site Desciclopédia: "Alexandre Frota é um filósofo conhecido por suas obras no campo da sociologia e economia através da teoria do negócio, música erudita e neurologia. Lecionou no MIT ao lado de Noam Chomsky. Frota descobriu o sentido da vida, todas as explicações estão nesse vídeo de 3 segundos: tinyurl.com/3ma4ouz."
Talvez tenha sido seu passado de malandro carioca, no bom sentido, que o preparou para ser amigão de todo mundo, tendo boas relações com executivos chefes, diretores comerciais, técnicos de luz e motoristas. Talvez tenha sido seu sorriso.
Mas o mais provável é que seja outra coisa: Alexandre Frota é um cara muito inteligente. Confia no próprio taco e mete as caras no que quer que esteja rolando no " show business" brasileiro.
Não é, nem nunca pretendeu ser, um exemplo de integridade artística.
Mas conseguiu dar um murro na cara no pântano do preconceito, no qual tantas vezes esteve prestes a ser engolido.
Em uma frase, digna de uma antologia de poemas assinada por ele mesmo: o Frota é froda.



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