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ARTE E LOUCURA
Centro debate obra de escritor
Casa psiquiátrica cria Espaço Artaud
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Uma clínica psiquiátrica de Belo
Horizonte criou um espaço cultural voltado para o estudo da arte do
escritor francês Antonin Artaud
(1896-1948), cujo cinquentenário
de morte será no ano que vem.
Além de debater a obra do escritor,
o Espaço Cultural Artaud, localizado na zona sul da capital mineira, tem o objetivo de aplicar suas
propostas radicais sobre arte.
A iniciativa é da Casa Freud, uma
clínica que se propõe a acabar com
o estigma que atinge não só o paciente, como os funcionários e as
instituições psiquiátricas.
Segundo o psiquiatra Musso
Greco, da Casa Freud, Artaud, que
foi paciente psiquiátrico, pretendia transformar a vida e a realidade
em arte.
"Para Artaud, a arte é louca, se a
considerarmos como um processo
criador independente, capaz de
opor-se aos padrões enraizados da
cultura", afirma Greco.
A programação do Espaço Artaud foi lançada na semana passada com a abertura de uma mostra
coletiva de música, artes plásticas,
literatura, vídeo e teatro.
Durante o lançamento, estava
prevista uma leitura de textos do
escritor.
Greco explica que o espaço já
funcionava desde o início do ano,
com poucas oficinas. A partir de
novembro, ele inicia as atividades
normais, com um número maior
de eventos.
No próximo mês, será realizado
um ciclo de debates sobre a obra e
os temas presentes nos textos de
Artaud.
Para abril do ano que vem, está
prevista a realização da Semana
Bispo do Rosário, que vai realizar
mesas redondas sobre o artista
plástico, cuja obra foi realizada em
um manicômio do Rio.
Serão oferecidas ainda 15 oficinas de criação em artes plásticas,
arte utilitária, literatura, música,
fotografia, vídeo, rádio, reciclagem e expressão corporal.
Para participar, não é necessário
ser psiquiatra ou paciente. Segundo os organizadores, o objetivo é
atender a toda a comunidade da cidade, incluindo a clientela de instituições de tratamento psiquiátrico. A obra deixada por Artaud não
se limita a poemas e peças de teatro. Ele também escreveu uma
ópera e um monólogo para rádio,
foi roteirista e ator de cinema e deixou centenas de cartas que ainda
estão sendo estudadas.
Nos anos 30, concebeu o Teatro
da Crueldade, onde atores e platéia
participariam do espetáculo. Foi
internado no final da vida e morreu em seu quarto de hospício, em
um subúrbio de Paris, em 4 de
março de 1948.
(CARLOS HENRIQUE SANTIAGO)
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