|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sacco acha HQ mais
eficaz do que livro
em Belo Horizonte
Para o jornalista e desenhista Joe
Sacco, 37, uma história em quadri
nhos pode mostrar mais sobre a
realidade da guerra da Bósnia ou
sobre o cotidiano dos palestinos
do que reportagem ou livro.
Sacco está em Belo Horizonte,
onde participa da 3ª Bienal Inter
nacional de Quadrinhos, uma pro
moção da prefeitura da capital mi
neira e do Centro Nacional de
Quadrinhos, Roteiro e Imagens.
"Às vezes, as pessoas não estão
interessadas em ler um livro, mas
se você lhes dá uma história em
quadrinhos, pode ser que elas
leiam", explica.
Nascido na ilha de Malta, Sacco
passou a infância na Austrália e
depois se mudou para os EUA. Ele
se formou em jornalismo, mas
achou a profissão "entediante".
Após trabalhar em jornais de
empresa e redigir reportagens pa
gas para uma revista, voltou a de
senhar histórias em quadrinhos
autobiográficas.
As primeiras falavam de uma
viagem pela Europa com uma ban
da de rock, de seu trabalho em
uma biblioteca e da experiência de
sua mãe na ilha de Malta, durante a
Segunda Guerra Mundial.
A primeira reportagem em qua
drinhos foi "Palestine", publicada
em uma série de nove revistas
(reunidas depois em dois álbuns),
sobre sua viagem aos territórios
ocupados por Israel.
Sacco conta que, para fazer as re
portagens, não se inspira em dese
nhistas, mas no escritor inglês
George Orwell, autor de "1984".
Reportagem em quadrinhos
"Deve ter alguém que fez repor
tagem em quadrinhos antes, mas
não conheço. Hoje já existe uma
revista nos EUA que envia cartu
nistas para fazer reportagens", diz.
O desenhista, no entanto, teve de
se virar sozinho para viajar à Pales
tina e à Bósnia. À primeira, ele via
jou como turista e, com a ajuda de
representantes das Organizações
das Nações Unidas, fez passeios
nos territórios ocupados.
Para ir à Bósnia, vendeu origi
nais de suas histórias e conseguiu
reunir US$ 4.000, mas, para entrar
no país, precisaria também de uma
credencial de jornalista.
"Foi sorte ter conseguido a cre
dencial, porque, se tivessem pedi
do meus trabalhos jornalísticos,
iam dar risadas ao saber que faço
quadrinhos", diz.
Durante quatro meses e meio, ele
esteve no local do conflito bósnio.
"Foi bom que eu não tivesse di
nheiro para ficar gastando em lu
gares luxuosos. Por isso, tinha
mais contato com os moradores."
A primeira história de sua via
gem à Bósnia foi publicada em
março pela revista norte-america
na "Zerozero".
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|