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Violência política e tortura marcam evento
da Reportagem Local
Violência política e tortura são
temáticas que perpassam todos os
três andares do Pavilhão da Bienal
e se apresentam nos diversos segmentos do evento: representações
nacionais, mostra "Roteiros" e núcleo histórico.
Um exemplo sutil e, por isso,
bem interessante, vem da pequena
Costa Rica, país que é conhecido
mundialmente pela preservação
de suas florestas tropicais e por
não ter exército há 50 anos (sua soberania é garantida pela ONU).
É desta paradisíaca Costa Rica
que vem Priscilla Monge, selecionada por Virginia Pérez-Ratton,
curadora responsável pela escolha
dos artistas da América Central e
do Caribe.
Monge apresenta o vídeo "Lição
de Maquiagem Nº 1", uma pequena obra-prima: concisa e repleta de
nuances. Aquilo que aparentemente seria uma simples lição de
maquiagem, em quatro minutos
vai se tornando um manifesto sobre a violência que envolve a busca
feminina da beleza, um libelo contra a violência doméstica, uma
análise das relações entre um torturador e sua vítima, um questionamento do que é real e do que é
representação.
Com a câmera muito próxima do
rosto da vítima, o simples ato de
passar batom rapidamente se converte em cenas de um espancamento. Imobilizada sobre a cadeira, a vítima aguarda, impassível, o
próximo golpe. O ambiente claustrofóbico e a narração monocórdica do protagonista acentuam a
sensação de que se está diante de
uma sessão de tortura. E ao final
resta a impressão de que o que se
viu pode ser real ou simulação.
Também em vídeo é "Mão na Cara", do irlandês Nigel Rolfe, curiosamente localizado na sala Monocromos, no núcleo histórico. Ali,
enclausurado em um monitor, o
rosto é espancado sem trégua, uma
remissão à violência política suscitada por diferenças raciais.
Não longe dali, no mesmo núcleo
histórico, encontra-se "El Tormento (El Castigo del Preso)", de
1930, do mexicano David Siqueiros, que ganhou sala especial.
Siqueiros não chegou a ser vítima de torturas, como mostra a tela, mas foi preso e certamente testemunhou atos de violência da polícia mexicana, principalmente
contra militantes comunistas.
Na mostra "Roteiros", os exemplos mais contundentes de violência política e tortura estão por conta das montagens fotográficas de
Chen Chieh-jen, que exigem estômago forte do espectador.
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Evento: 24ª Bienal de Arte de São Paulo
Onde: Pavilhão da Bienal (av. Pedro Álvares
Cabral, s/nº)
Quando: de terça a sexta, das 9h às 13h
(público escolar, com agendamento pelo tel.
0800-11-1951) e das 13h às 21h (público em
geral). Sábados e domingos, das 10h às 22h
(público em geral)
Quanto: de terça a sexta, R$ 10. Sábados e
domingos, R$ 10 (das 10h às 13h) e R$ 16
(das 13h às 22h). Esses ingressos dão direito
à permanência por tempo indeterminado
no pavilhão e por uma hora no espaço
climatizado do terceiro andar. Existe ainda o
ingresso especial de R$ 30, que permite o
acesso ao espaço climatizado em qualquer
horário (exceto aqueles reservados para
escolas). Meia entrada para estudantes com
carteirinha, maiores de 65 anos e
comerciários com carteirinha do Sesc e
crianças entre 6 e 12 anos (com os pais ou
responsáveis). Entrada franca para menores
de seis anos
Televendas: os ingressos podem ser
comprados pelo tel. 0800-11-1951, sendo
entregues no local solicitado
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