São Paulo, sábado, 24 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Violência política e tortura marcam evento

da Reportagem Local

Violência política e tortura são temáticas que perpassam todos os três andares do Pavilhão da Bienal e se apresentam nos diversos segmentos do evento: representações nacionais, mostra "Roteiros" e núcleo histórico.
Um exemplo sutil e, por isso, bem interessante, vem da pequena Costa Rica, país que é conhecido mundialmente pela preservação de suas florestas tropicais e por não ter exército há 50 anos (sua soberania é garantida pela ONU).
É desta paradisíaca Costa Rica que vem Priscilla Monge, selecionada por Virginia Pérez-Ratton, curadora responsável pela escolha dos artistas da América Central e do Caribe.
Monge apresenta o vídeo "Lição de Maquiagem Nº 1", uma pequena obra-prima: concisa e repleta de nuances. Aquilo que aparentemente seria uma simples lição de maquiagem, em quatro minutos vai se tornando um manifesto sobre a violência que envolve a busca feminina da beleza, um libelo contra a violência doméstica, uma análise das relações entre um torturador e sua vítima, um questionamento do que é real e do que é representação.
Com a câmera muito próxima do rosto da vítima, o simples ato de passar batom rapidamente se converte em cenas de um espancamento. Imobilizada sobre a cadeira, a vítima aguarda, impassível, o próximo golpe. O ambiente claustrofóbico e a narração monocórdica do protagonista acentuam a sensação de que se está diante de uma sessão de tortura. E ao final resta a impressão de que o que se viu pode ser real ou simulação.
Também em vídeo é "Mão na Cara", do irlandês Nigel Rolfe, curiosamente localizado na sala Monocromos, no núcleo histórico. Ali, enclausurado em um monitor, o rosto é espancado sem trégua, uma remissão à violência política suscitada por diferenças raciais.
Não longe dali, no mesmo núcleo histórico, encontra-se "El Tormento (El Castigo del Preso)", de 1930, do mexicano David Siqueiros, que ganhou sala especial.
Siqueiros não chegou a ser vítima de torturas, como mostra a tela, mas foi preso e certamente testemunhou atos de violência da polícia mexicana, principalmente contra militantes comunistas.
Na mostra "Roteiros", os exemplos mais contundentes de violência política e tortura estão por conta das montagens fotográficas de Chen Chieh-jen, que exigem estômago forte do espectador.
²
²

Evento: 24ª Bienal de Arte de São Paulo Onde: Pavilhão da Bienal (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº)
Quando: de terça a sexta, das 9h às 13h (público escolar, com agendamento pelo tel. 0800-11-1951) e das 13h às 21h (público em geral). Sábados e domingos, das 10h às 22h (público em geral) Quanto: de terça a sexta, R$ 10. Sábados e domingos, R$ 10 (das 10h às 13h) e R$ 16 (das 13h às 22h). Esses ingressos dão direito à permanência por tempo indeterminado no pavilhão e por uma hora no espaço climatizado do terceiro andar. Existe ainda o ingresso especial de R$ 30, que permite o acesso ao espaço climatizado em qualquer horário (exceto aqueles reservados para escolas). Meia entrada para estudantes com carteirinha, maiores de 65 anos e comerciários com carteirinha do Sesc e crianças entre 6 e 12 anos (com os pais ou responsáveis). Entrada franca para menores de seis anos
Televendas: os ingressos podem ser comprados pelo tel. 0800-11-1951, sendo entregues no local solicitado


Visite a XXIV Bienal de São Paulo


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.