São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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ILUSTRADA
Presidente se encontra com equipe da Globo; pressionado, ministro da Justiça muda o discurso e pode recuar
Polêmica da novela "Laços" chega a FHC

WILSON SILVEIRA
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O lobby da TV Globo em favor da novela "Laços de Família" chegou ontem ao presidente da República. Fernando Henrique Cardoso almoçou com diretores e artistas da emissora, entre eles Vera Fischer e Tony Ramos. Também estava presente o ministro da Justiça, José Gregori.
Na saída, questionado pelos jornalistas que descobriram o local do encontro, Gregori mudou o discurso que vinha mantendo nos últimos dias e criticou a decisão da Justiça sobre a novela.
O ministro afirmou que a decisão foi "enérgica" e ressaltou que ela não se baseava na portaria 796, que ele baixou em setembro, estabelecendo a classificação etária dos programas de televisão.
O almoço foi realizado na casa do diretor-executivo da Rede Globo em Brasília, Antônio Drummond, localizada no Lago Sul.
Durante o almoço, Vera Fischer sentou-se entre FHC e Gregori. Também estavam presentes Marluce Dias, a principal executiva da Rede Globo, os autores de novelas Sílvio de Abreu, Glória Perez e Lauro César Muniz e o humorista Cláudio Manoel.
Na saída, FHC não quis dar entrevista. Gregori tentou justificar a presença de Fernando Henrique no almoço. "O presidente veio à casa de um velho amigo. Quer dizer, é uma coincidência de um encontro com pessoas que todo o Brasil conhece e admira."
Conforme a Folha apurou, os ministros Pedro Parente (Casa Civil) e Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral da Presidência), ambos com gabinete no Palácio do Planalto, estão pressionando o Ministério da Justiça a flexibilizar a portaria 796. Gregori já admite mudá-la.
A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) pediu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) a suspensão da portaria. O relator do processo, ministro Paulo Gallotti, decidirá na próxima semana se concede ou não liminar pedida em mandado de segurança movido pela entidade.
A Abert argumenta que, ao proibir a exibição de determinados programas em horários diversos dos permitidos, a classificação dos programas deixa de ser indicativa e assume caráter vinculante, obrigando as emissoras de rádio e televisão.


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