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ILUSTRADA
Presidente se encontra com equipe da Globo; pressionado, ministro da Justiça muda o discurso e pode recuar
Polêmica da novela "Laços" chega a FHC
WILSON SILVEIRA
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O lobby da TV Globo em favor
da novela "Laços de Família" chegou ontem ao presidente da República. Fernando Henrique Cardoso almoçou com diretores e artistas da emissora, entre eles Vera
Fischer e Tony Ramos. Também
estava presente o ministro da Justiça, José Gregori.
Na saída, questionado pelos jornalistas que descobriram o local
do encontro, Gregori mudou o
discurso que vinha mantendo nos
últimos dias e criticou a decisão
da Justiça sobre a novela.
O ministro afirmou que a decisão foi "enérgica" e ressaltou que
ela não se baseava na portaria 796,
que ele baixou em setembro, estabelecendo a classificação etária
dos programas de televisão.
O almoço foi realizado na casa
do diretor-executivo da Rede Globo em Brasília, Antônio Drummond, localizada no Lago Sul.
Durante o almoço, Vera Fischer
sentou-se entre FHC e Gregori.
Também estavam presentes Marluce Dias, a principal executiva da
Rede Globo, os autores de novelas
Sílvio de Abreu, Glória Perez e
Lauro César Muniz e o humorista
Cláudio Manoel.
Na saída, FHC não quis dar entrevista. Gregori tentou justificar
a presença de Fernando Henrique
no almoço. "O presidente veio à
casa de um velho amigo. Quer dizer, é uma coincidência de um encontro com pessoas que todo o
Brasil conhece e admira."
Conforme a Folha apurou, os
ministros Pedro Parente (Casa Civil) e Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral da Presidência),
ambos com gabinete no Palácio
do Planalto, estão pressionando o
Ministério da Justiça a flexibilizar
a portaria 796. Gregori já admite
mudá-la.
A Abert (Associação Brasileira
de Emissoras de Rádio e Televisão) pediu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) a suspensão da
portaria. O relator do processo,
ministro Paulo Gallotti, decidirá
na próxima semana se concede
ou não liminar pedida em mandado de segurança movido pela
entidade.
A Abert argumenta que, ao
proibir a exibição de determinados programas em horários diversos dos permitidos, a classificação dos programas deixa de ser
indicativa e assume caráter vinculante, obrigando as emissoras de
rádio e televisão.
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