São Paulo, sábado, 24 de novembro de 2001

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DA RUA

Água e sal

FERNANDO BONASSI

Francisco passa as suas noites suspirando no bar, diante de copos suados e petiscos indigestos. Clara passa as dela suspirando diante da TV, acabando-se em chocolates gordurentos. O que começou com distribuição de caras feias e muxoxos transformou-se num braço de ferro sexual. Francisco e Clara, no momento, estão como aquele comercial de biscoito: ela não dá porque ele bebe, e ele bebe porque ela não dá. E assim levam a vida, se estranhando na porta do banheiro, dividindo seu silêncio raivoso entre uma garfada e outra. Estão sempre falando com uns e outros sobre essa infelicidade, embora nunca tenham tocado no assunto entre si. Numa hora dessas, quando resolverem se enfrentar, alguma coisa pode nem acontecer.



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