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"SEM DECIBÉIS"
Espectador da Poeira de Estrada usa fone de ouvido sem fio
Banda inventa instrumentos
que tocam sem produzir som
LUÍS PEREZ
da Redação
É o fim de pais e vizinhos reclamarem dos ensaios barulhentos da
banda. Também é o invento ideal
para animar feiras e exposições
com música ao vivo sem incomodar o estande vizinho.
Um grupo de músicos de São
Paulo acaba de lançar o projeto
"Sem Decibéis" -ou "100 Decibéis", dependendo do caso, pois a
banda pode também funcionar
normalmente.
Utilizando FM (frequência modulada), a banda Poeira de Estrada
toca sem fazer barulho -e é ouvida apenas por quem quiser, por
um fone de ouvido sem fio.
Depois de ir parar três vezes na
delegacia, o baterista Marcelo Golfieri, 26, resolveu pesquisar uma
forma de instalar sensores no instrumento. Também eliminou os
amplificadores.
"Começamos a fuçar, desmontar equipamentos, estragar alguns.
Mas até que não gastamos muito
dinheiro", afirma Golfieri, que
também contou com a consultoria
de três radioamadores.
"O fone trabalha numa certa frequência, como rádio FM", diz. Para evitar interferências, a banda
desenvolveu duas opções de frequência de rádio diferentes.
Da forma como está, é possível
ouvir a banda a uma distância entre 100 e 150 metros. "Mas podemos ampliar o alcance. Tudo depende da potência do transmissor
e da necessidade", diz.
"Se estamos em um lugar com
mais de três pessoas conversando,
não dá para ouvir nem o vocalista", diz Flavio Felix, 33, baixista.
Por enquanto, eles só se apresentaram em um bufê e no shopping
Plaza Sul. "O pessoal passava e pegava o fone, por curiosidade. Deu
um bom movimento", afirma Hugo Machado, 32, guitarrista.
Repertório
No repertório, há rock, música
country e composições próprias.
"Não fazemos só marketing em
cima do invento. A banda existe há
mais de dez anos", diz o baterista.
Mas, por enquanto, nenhuma
das 12 gravadoras para onde foram
enviadas fitas demo respondeu.
Agora, o grupo pretende comercializar o equipamento, a patente
ou trabalhar fazendo propagandas
de produtos. Segundo o baterista,
é possível construir a bateria a partir de qualquer material rígido.
"Tiro som de pratos a partir de
discos de vinil. E, para a Nestlé, estou fazendo uma bateria de latas
de Nescau", afirma Golfieri.
O sistema não é tão bom para
quem gosta do acústico. "Só funciona com equipamentos eletrônicos", alerta Hugo Machado.
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