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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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Fim do jogo na Terra Média

Fotos Divulgação
Da esq., Elijah Wood, o personagem virtual Smeagol e Sean Astin em cena de "O Retorno do Rei', de Peter Jackson


Estréia amanhã de "O Retorno do Rei" e reexibição dos dois outros filmes possibilitam maratona "Senhor dos Anéis"

LEANDRO FORTINO
ENVIADO ESPECIAL A WELLINGTON

O bom velhinho de barba branca, muito sábio e poderoso, vai visitar o Brasil no dia de Natal pela última vez. Não, não é quem você está pensando, apesar de este aqui também não existir em nenhum outro lugar que não seja a imaginação e, assim como Papai Noel, estar totalmente ligado a lucros milionários todo ano. Trata-se de Gandalf, o mago de "O Senhor dos Anéis", cuja terceira e última parte, "O Retorno do Rei", entra em cartaz no Brasil amanhã.
O filme encerra a saga do diretor neozelandês Peter Jackson, que dedicou sete anos de sua vida e consumiu US$ 190 milhões para levar às telas a adaptação do romance homônimo do escritor sul-africano radicado na Inglaterra J.R.R. Tolkien (1892-1973).
A obra, em sua edição completa, com os três livros editados em um único volume, é um calhamaço de 1.212 páginas (na edição em português da ed. Martins Fontes), que costuma agradar a fãs de RPG (role-playing games) e quadrinhos e garotos adolescentes, mas é completamente ignorada por estudiosos de literatura inglesa.
Portanto assistir aos três filmes, que ficarão em cartaz em quatro salas do Brasil (duas em São Paulo), ao mesmo tempo, até o dia 31 de dezembro, é tarefa bem mais fácil que ler os livros de Tolkien, certo? Nem tanto.
As cópias das duas primeiras partes que voltaram ao cartaz no Brasil na última sexta são bem mais longas que os filmes originais, que têm quase três horas: "A Sociedade do Anel" (2001) ficou com 212 minutos; e "As Duas Torres" (2002), com 219 minutos. Somados aos 192 minutos de "O Retorno do Rei", são equivalente a 10 horas e 23 minutos do seu fim de ano numa sala escura e em frente a uma tela de cinema.
"A realidade é que para filmar exatamente o que está no livro de Tolkien sairiam filmes de 25, 30 horas de duração cada um. Então fizemos adaptações, reduzimos passagens. Filmes muito longos são incômodos para quem vai ao cinema e tem de ficar quatro ou cinco horas sentado sem sair", afirma Jackson, durante o lançamento mundial de "O Retorno do Rei", em Wellington (Nova Zelândia), no início do mês.
Mas há passagens incluídas nos filmes que não correspondem aos livros. A morte de Boromir, em "A Sociedade do Anel", só deveria acontecer em "As Duas Torres". E a aranha gigante Larácna (que deve se tornar um caro brinquedo logo) só aparece no segundo livro, apesar de ser um ponto alto de "O Retorno do Rei", o terceiro filme.
Até a personagem Arwen -em vez do elfo Glorfindel, ausente no filme- salvou Frodo na primeira parte para dar pelo menos um pouco de força à atriz Liv Tyler, que têm um papel mínimo na produção, mas é anunciada como a grande estrela.
Tudo bem que Jackson não defenda as versões longas e sem cortes de "O Senhor dos Anéis" no cinema, mas, claro, não dispensa o mercado rentável dos DVDs repletos de extras.
"Fizemos duas versões de cada filme: uma para o cinema e outra mais longa para o DVD. Em casa as pessoas podem assistir ao filme em duas noites diferentes ou parar para uma xícara de chá e dar um tempo. Assim mostramos filmes mais aprofundados, apresentando cenas que filmamos e gostaríamos que entrassem, mas deixariam o filme grande demais para o cinema", explica Jackson.
Ciente dos milhões a mais que ainda pode incluir no faturamento da saga com "O Retorno do Rei" (em cinco dias a bilheteria arrecadou mais de US$ 125 milhões, nos EUA), o produtor do filme, Mark Ordesky, afirma que até pretende voltar à Nova Zelândia para filmar mais cenas para serem incluídas no DVD. "Provavelmente voltaremos a Wellington, mas usaremos apenas miniaturas em escala, não precisaremos convocar ninguém do elenco."
Ordesky já tem na manga os direitos de filmagem de "O Hobbit", romance de Tolkien que serviu de base para "O Senhor dos Anéis", mas Jackson conta que o projeto, se ficar em suas mãos, não começará a ser rodado pelos próximos dois anos. "Estarei ocupado com "King Kong'", afirma, sobre a refilmagem do clássico de 1933, que começa a dirigir em casa.
No Brasil não haverá nenhum evento especial para assistir de uma vez só num único dia aos três filmes, como ocorreu em diversas cidades do mundo na semana passada, mas algumas salas oferecerão oportunidade similares.
Os cinemas do shoppings Market Place e Santa Cruz, em São Paulo, Downtown, no Rio, Bourbon Ipiranga, em Porto Alegre, e Pier 21, em Brasília, exibirão os três filmes ao mesmo tempo.
Para assisti-los num único dia o interessado deverá montar sua própria programação. Por exemplo, na sala 5, do shopping Santa Cruz, em São Paulo, é possível, a partir do dia 26 de dezembro, pegar a sessão das 11h20, de "A Sociedade do Anel", das 15h30, de "As Duas Torres", e a das 20h, de "O Retorno do Rei". Ingressos antecipados podem ser adquridos pelo site www.cinemark.com.br ou nas bilheterias dos cinemas a partir de hoje.

O jornalista Leandro Fortino viajou a convite do Tourism New Zealand


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