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OUTRA FREQUÊNCIA
O segredo da sobrevivência das AMs
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O número impressiona: a rádio Bandeirantes AM fatura,
em média, 60% a mais do que a
Band FM, uma das maiores audiências do dial de São Paulo.
O resultado comprova um aspecto interessante do mercado: os
grandes anunciantes, apesar do
crescimento das FMs musicais,
continuam depositando muitas
fichas no radiojornalismo.
Estações especializadas em notícia contam com ouvintes de
maior poder aquisitivo, o que, obviamente, atrai a publicidade.
Assim, é explicável que a Band
FM fature bem menos, apesar da
liderança no Ibope e marca forte.
Com seus pagodes e baladas românticas, conquista em massa
classes de renda inferior -e isso
não é o que os maiores anunciantes de rádio procuram.
Segundo o Ibope, a audiência da
Bandeirantes AM de setembro a
novembro, na faixa nobre do radiojornalismo (das 6h às 9h), foi
de 140.270 ouvintes por minuto, o
melhor resultado dentre as quatro
principais estações do gênero jornalístico na AM (Bandeirantes,
CBN AM, Eldorado e Jovem Pan).
De acordo com Sérgio Sitchin,
41, diretor comercial da rádio
Bandeirantes, este foi um ano especialmente bom para a emissora. "Fechamos com crescimento
de 14% no faturamento e, com os
patrocínios já vendidos para 2004,
teremos a melhor abertura de ano
desde 1998", afirma.
E não foi só a Bandeirantes que
cresceu em 2003. O mercado registra recuperação em várias
emissoras noticiosas, inclusive fora do eixo Rio-SP, como a Gaúcha
AM, no Rio Grande do Sul.
Sitchin relaciona o crescimento
a um "resgate da importância do
radiojornalismo". É o que torna
ainda mais urgente um antigo
plano da empresa: obter uma
concessão de FM para retransmitir a programação da AM (assim
como faz a CBN). Atualmente, o
sinal está nos 90,9 MHz, uma FM
do litoral com baixa qualidade de
recepção em boa parte da capital.
Seria preciso uma frequência
melhor para vender ao ouvinte e
aos patrocinadores a idéia de jornalismo na FM (como "a rádio
que toca notícia" da CBN).
A solução das outras principais
concorrentes (Eldorado e Jovem
Pan), que "emprestaram" parte
do horário matutino de suas FMs
para o noticiário da AM, não é por
ora cogitada pela Bandeirantes. A
empresa teme descaracterizar a
Band FM, um produto bem sucedido no segmento popular.
O jeito é continuar sondando as
raras -e caras- ofertas de venda de FMs paulistanas, oferecidas
por até US$ 15 milhões. E, nesses
tempos de retração econômica,
qualquer aproximação desse tipo
está bem menos para namoro e
muito mais para amizade.
laura@folhasp.com.br
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