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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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OUTRA FREQUÊNCIA

O segredo da sobrevivência das AMs

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O número impressiona: a rádio Bandeirantes AM fatura, em média, 60% a mais do que a Band FM, uma das maiores audiências do dial de São Paulo.
O resultado comprova um aspecto interessante do mercado: os grandes anunciantes, apesar do crescimento das FMs musicais, continuam depositando muitas fichas no radiojornalismo.
Estações especializadas em notícia contam com ouvintes de maior poder aquisitivo, o que, obviamente, atrai a publicidade.
Assim, é explicável que a Band FM fature bem menos, apesar da liderança no Ibope e marca forte. Com seus pagodes e baladas românticas, conquista em massa classes de renda inferior -e isso não é o que os maiores anunciantes de rádio procuram.
Segundo o Ibope, a audiência da Bandeirantes AM de setembro a novembro, na faixa nobre do radiojornalismo (das 6h às 9h), foi de 140.270 ouvintes por minuto, o melhor resultado dentre as quatro principais estações do gênero jornalístico na AM (Bandeirantes, CBN AM, Eldorado e Jovem Pan).
De acordo com Sérgio Sitchin, 41, diretor comercial da rádio Bandeirantes, este foi um ano especialmente bom para a emissora. "Fechamos com crescimento de 14% no faturamento e, com os patrocínios já vendidos para 2004, teremos a melhor abertura de ano desde 1998", afirma.
E não foi só a Bandeirantes que cresceu em 2003. O mercado registra recuperação em várias emissoras noticiosas, inclusive fora do eixo Rio-SP, como a Gaúcha AM, no Rio Grande do Sul.
Sitchin relaciona o crescimento a um "resgate da importância do radiojornalismo". É o que torna ainda mais urgente um antigo plano da empresa: obter uma concessão de FM para retransmitir a programação da AM (assim como faz a CBN). Atualmente, o sinal está nos 90,9 MHz, uma FM do litoral com baixa qualidade de recepção em boa parte da capital.
Seria preciso uma frequência melhor para vender ao ouvinte e aos patrocinadores a idéia de jornalismo na FM (como "a rádio que toca notícia" da CBN).
A solução das outras principais concorrentes (Eldorado e Jovem Pan), que "emprestaram" parte do horário matutino de suas FMs para o noticiário da AM, não é por ora cogitada pela Bandeirantes. A empresa teme descaracterizar a Band FM, um produto bem sucedido no segmento popular.
O jeito é continuar sondando as raras -e caras- ofertas de venda de FMs paulistanas, oferecidas por até US$ 15 milhões. E, nesses tempos de retração econômica, qualquer aproximação desse tipo está bem menos para namoro e muito mais para amizade.

laura@folhasp.com.br

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