São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2002

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De olhos bem fechados

"Vanilla Sky", produzido e estrelado por Tom Cruise, refilma longa de Amenábar para mostrar "os efeitos da cultura pop na sociedade atual"

Divulgação
 Tom Cruise em cena de "Vanilla Sky", dirigido por Cameron Crowe


PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Apesar de pilotar aviões -até tem um protótipo usado na Segunda Guerra Mundial-, Tom Cruise, 39, enfrentou problemas de "vôo" em 2001, um ano mais que turbulento para o ator.
No auge da popularidade e após grande investimento na área de produção de filmes, vivenciou um ruidoso divórcio de sua mulher, a atriz australiana Nicole Kidman, após quase uma década juntos.
O Cruise que encontra a Folha para falar sobre seu novo filme, a produção "Vanilla Sky", dirigida por seu colega Cameron Crowe ("Jerry Maguire - A Grande Virada"), diz ter encontrado a serenidade depois do mau tempo e hoje vive num céu de brigadeiro.
"Não sou do tipo de pessoa que vive no passado", explica. "Mas não vou negar que passei momentos maravilhosos com Nic. Eu a amo e continuarei amando. O mais importante é que temos uma família e vamos criar nossos filhos juntos. Mas vivo uma nova fase e estou aproveitando muito."
A nova fase de Tom Cruise é experimentada ao lado da atriz espanhola Penélope Cruz, que o ator conhecera ao assistir a "Preso na Escuridão" ("Abre los Ojos"), em Sundance. Entusiasmado com a trama do longa, ele comprou os direitos da refilmagem e chamou Penélope para reprisar seu papel. Mas agora em inglês.
Como David Aames, um jovem magnata do mercado editorial nova-iorquino, Cruise vive um tipo narcisista, que tem uma namorada para quebrar o galho (Cameron Diaz), mas ela não aceita ser acessório das noitadas do galã e o carrega num acidente suicida.
Leia a seguir os motivos de Cruise para fazer a refilmagem.

Folha - Por que decidiu refilmar "Preso na Escuridão"?
Tom Cruise - É uma ótima história. Amei o filme original e achei Alejandro [Amenábar] muito talentoso. Para você ter uma idéia de quanto gostei do filme, após assisti-lo pela primeira vez, enquanto os créditos finais ainda apareciam, liguei para minha sócia [Paula Wagner, da produtora Cruise/Wagner] e pedi para comprar os direitos para uma refilmagem com nosso próprio dinheiro.

Folha - Mas por que achou necessário repetir a história?
Cruise - Ao contrário de muitas produções estrangeiras, este filme tem um tema bastante universal. Não é entendido só regionalmente. As portas estavam abertas para que um outro cineasta contasse a mesma história, usando um outro ponto de vista. Cameron [Crowe] quis mostrar o efeito que a cultura pop tem na nossa sociedade e também as consequências do sexo casual. Outro ponto importante é como passamos nossa vida tendo oportunidades de mudar nosso destino, de mudar tudo.

Folha - Como no filme, você tem algum sonho recorrente?
Cruise - Não. Mas lembro que, quando criança, sonhava que podia voar. Como era o que mais queria fazer, não via a hora de ir dormir, com a esperança de que estaria voando logo [risos].

Folha - [O ator] John Travolta disse que você pilota um avião acrobático. É verdade?
Cruise - Sim. Adoro pilotá-lo. Há um ano comprei um outro avião: o Mustang P-51, que foi usado durante a Segunda Guerra. Até a chegada dos jatos, era a máquina mais veloz. Quando criança, tinha em minha parede fotos desse avião e dos Spitfires. Por muitos anos, tentei encontrar um modelo desses em boas condições. É uma obra de arte, um dos aviões mais bonitos já construídos. Não dá nem para descrever a sensação que tenho ao pilotá-lo.

Folha - Seu personagem em "Vanilla Sky" parece ter encontrado a mulher ideal. Seu protótipo de parceira ideal mudou?
Cruise - [risos] Não, ele continua o mesmo. Atração, para mim, é combinação do intelectual, do emocional e do físico. Ela precisa ser uma pessoa divertida, que goste de caminhada, jogging e que não se importe de sair no meio da noite para comer um hambúrguer na praia [risos]. Tem de gostar de viajar. E é essencial também que goste de brincar e tenha paciência com meus filhos.



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