|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
Kubrick em versão pobre
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
"Vanilla Sky" é um "De
Olhos Bem Fechados" em
versão pobre. O último filme de
Kubrick foi referência óbvia para
Cameron Crowe refilmar o título
de Alejandro Amenábar.
Não só porque ambos têm no
papel principal Tom Cruise, que
nos dois filmes cria o irritante hábito de repetir em pergunta o que
lhe é dito (Alguém: "Você vai participar de uma orgia". Ele: "Vou
participar de uma orgia?".).
Mas também porque, ao contrário do original ("Abre los
Ojos"), "Vanilla" se deixa levar
por um ranço "de arte", que quer
justificar até furos no roteiro.
David Aames (Cruise) é o herdeiro bonito e bem-sucedido de
um império de comunicações. Sedutor inveterado, tem o apelido
de "Citizen Dildo" (Cidadão Consolo, no sentido de vibrador).
Um de seus casos rotineiros é
com Cameron Diaz, até que conhece Penélope Cruz. Logo há um
acidente de carro, em que Aames
sobrevive, mas fica desfigurado. A
partir daí, narcisista, se comunica
com o mundo usando uma máscara de látex e tem pesadelos.
O filme tem ótimos momentos,
caso da cena em que Aames chega
a uma Times Square completamente vazia -de tirar o fôlego.
Ou como Crowe filma o acidente.
Mas o enredo se perde do meio
para o final, quando se nota que
nem tudo é o que parece. Essa reviravolta já resultou em excelentes filmes. Não é o caso. Tudo fica
sem nexo e forçado, como se o talentoso Crowe tivesse desistido de
dirigir o resto. Como disse a impagável Libby Gelman-Waxmar
(na verdade o produtor Scott Rudin), da coluna "If You Ask me":
os filmes de Cruise dividem-se
entre os que ele não usa óculos (os
bons) e os que usa (os ruins). Em
"Vanilla Sky", ele põe logo uma
máscara...
Vanilla Sky
Vanilla Sky
Direção: Cameron Crowe
Produção: EUA, 2001
Com: Tom Cruise, Penélope Cruz
Quando: a partir de hoje nos cines
Morumbi, Unibanco Arteplex e circuito
Texto Anterior: De olhos bem fechados Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|