São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 2011

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Bibliotecas se tornam ponto de convivência

Desde 2005, espaços temáticos foram criados para atrair público

Monteiro Lobato, na Vila Buarque, estava vazia durante a tarde de sábado; secretário promete revitalização

DE SÃO PAULO

Pelas rampas do Centro Cultural São Paulo (CCSP), a crise da leitura soa até a delírio de pessimistas. Na tarde de sol ardente do último sábado, eram tantos e tão variados os leitores no prédio da rua Vergueiro que, de repente, São Paulo parecia ser até outra cidade. Uma cidade mais amável e silenciosa.
A não muitos quilômetros dali, também na região central, a biblioteca Monteiro Lobato, na Vila Buarque, vivia uma tarde de pasmaceira.
"Pichar é com "x" ou "ch'?", perguntava a bibliotecária para a colega. "Hum... Com "x", né?" Enquanto as duas atendentes discutiam ortografia, o porteiro chochilava. É que, de fato, pouco, ou nada, eles tinham para fazer.
Quando a reportagem da Folha chegou à biblioteca, não havia um só frequentador no andar térreo, onde ficam os livros.
Se o prédio não estava às moscas, é porque no primeiro andar funciona um telecentro. Ali, os 20 computadores estavam ocupados. Na sala ao lado, duas pessoas liam jornais.

ABANDONO
De acordo com a prefeitura, a Monteiro Lobato estava vazia porque seu público é, sobretudo, escolar. Mas o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, admite que, cumprida a missão de recuperar a Mário de Andrade, seu próximo alvo é a Monteiro Lobato, referência na área infantojuvenil.
A Monteiro Lobato é uma dentre as 55 bibliotecas municipais, que têm origem no sistema implantado nas décadas de 40 e 50.
Sua função era, sobretudo, dar apoio às escolas públicas. Acontece que, neste meio século, mudaram os livros, as escolas e os leitores.
"Elas eram complementares à escola, e isso acabou", diz Calil. "As bibliotecas se tornaram lugares de encontro. Elas têm que ter uma estrutura amigável. As pessoas têm que ter o prazer de estar, e não só de ler."
O secretário diz que, ao assumir a secretaria, em 2005, encontrou as bibliotecas completamente abandondadas. "É como se elas não fossem de ninguém", diz.
Para que alguns desses espaços recobrassem o sentido, a secretaria pôs em prática o conceito das bibliotecas temáticas -de cinema, música etc.- e, pouco a pouco, vai tentando recuperar os espaços e melhorar os acervos.

CRIANÇAS E PUFS
Da parte do governo estadual, a principal experiência é a Biblioteca SP, aberta no Carandiru, ao lado do parque da Juventude, na zona norte da cidade, há pouco menos de um ano. Ali, reina a ideia de que, às vezes, é preciso seduzir o leitor por outros caminhos que não o do livro.
"A gente quer que as pessoas pensem na bilbioteca com um espaço de lazer também", diz o secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo. A quantidade de crianças que brincavam entre livros, dinossauros e pufes no último sábado indicam que a ideia está funcionando. (ANA PAULA SOUSA)


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