São Paulo, segunda, 25 de janeiro de 1999

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Takeshi Kitano Vol.8

Leia entrevista à Folha do diretor de "Hana-Bi", mais importante e ocupado cineasta japonês da atualidade, que prepara seu 8º longa

ERIKA SALLUM
da Reportagem Local

Takeshi Kitano pode ser um nome ainda pouco conhecido no Brasil. No Japão, no entanto, o diretor de "Hana-Bi" é uma das personalidades mais famosas do país.
Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza e do Prêmio da Crítica da Mostra de Cinema de SP, em 97, Kitano também é comediante e comanda cinco programas na TV japonesa -em três emissoras, no horário nobre.
Escreve regularmente em jornais, publica romances e poesia, pinta quadros e faz HQ.
Polêmico -adora fazer filmes centrados na yakusa, a máfia japonesa-, rebelde, muitas vezes violento, o cineasta se dedica agora a seu mais novo projeto: o oitavo filme, com previsão de estrear no Japão na primavera deste ano.
Envolto em mistério, o longa, mais uma vez, trará Kitano como ator principal, no papel de um homem que ajuda um garoto a encontrar a mãe. Ainda sem título definido, o filme pode vir a se chamar apenas "-Vol 8-" ou, segundo a revista francesa "Les Inrockuptibles", "Kikujiro", nome do protagonista e do pai do diretor.
A obra ainda não tem data de estréia no Brasil. Leia a seguir trechos da entrevista, via fax, que o Kitano concedeu à Folha.
Folha - Seu novo filme representa uma mudança radical de estilo e temática?
Takeshi Kitano -
O filme já está quase pronto, mas não gostaria de implantar idéias pré-concebidas na cabeça do público. Tudo o que posso adiantar é que quero tentar algo totalmente diferente de "Hana-Bi", algo oposto ao que as pessoas consideram "kitanesco", como a inesperada violência espalhada em escassos diálogos etc.
Penso numa história clássica e tradicional, sobre um garoto à procura da mãe, de quem se separou quando pequeno, e um homem desempregado de meia-idade que ajuda o menino na busca.
Folha - Na Internet, há uma verdadeira "kitanomania", com sites ingleses, suecos, italianos etc.
Kitano -
Fico honrado que pessoas de países tão distintos gostem de mim. Às vezes tenho a impressão de que os ocidentais são mais "capazes" de entender meus filmes que os japoneses. Foi o que senti com "Hana-Bi" em Veneza. Mas tento não ficar analisando o porquê. Quando você começa a fazer isso, tende a repetir coisas do passado e vira paródia de si mesmo.




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