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Japão não avaliza consagrados pelo Ocidente
MARCIO AITH
de Tóquio
Cineastas japoneses reclamam
da preferência do público local por
produções estrangeiras, mas os
números mostram uma realidade
diversa. Com coloridos filmes de
animação, tramas detetivescas e
histórias da máfia oriental, a indústria japonesa compete em pé de
igualdade com Hollywood na disputa pelo mercado japonês de 140
milhões de espectadores.
Não é pouca coisa. É como se todos os habitantes do país frequentassem o cinema uma vez por ano e
15 milhões deles repetissem a dose.
Trata-se de um mercado notável,
levando-se em consideração que
um bilhete custa US$ 18 e um saco
de pipoca custa US$ 10 nos cinemas de luxo do bairro de Ginza.
O ano de 1997 foi um exemplo
marcante da vitalidade das produções locais. A indústria japonesa
produziu 278 títulos. Um deles -o
desenho animado "Mononoke-Hime"- bateu a bilheteria de
"E.T. - O Extraterrestre" e chegou
ao recorde de público em toda a
história do Japão -13,5 milhões
de pessoas. O desenho retrata uma
princesa-monstro que personaliza
forças da natureza.
²
"Titanic"
Números preliminares indicam
que "Titanic" conseguiu ultrapassar a marca de "Mononoke-Hime"
em 98, mas por pouco -menos de
US$ 200 mil de diferença, numa arrecadação de US$ 18,3 milhões.
Na acirrada disputa pelo mercado japonês, o público despreza filmes locais consagrados pela crítica
ocidental, diferentemente do que
diz o cineasta Takeshi Kiatono em
entrevista.
O exemplo mais marcante é seu
"Hana-Bi", vencedor do Leão de
Ouro de Veneza e um fracasso de
público no Japão. Lançado no ano
passado, o filme já saiu de exibição
das salas de Tóquio e nem figura
entre as cinco maiores bilheterias
de filmes japoneses.
O grande hit do momento é
"Odoru Dai-Sousasen", um romance policial lançado em setembro que já arrecadou US$ 4 milhões e deverá ultrapassar, no ano,
a bilheteria de "Pocket Monster".
O único caso recente em que público japonês e a crítica internacional convergiram em torno de um
filme foi "Dança Comigo" (96),
que retrata a influência da dança
no cotidiano de um assalariado japonês. O filme, de Masayuki Suo,
foi visto por 2,5 milhões de japoneses.
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