São Paulo, segunda, 25 de janeiro de 1999

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Japão não avaliza consagrados pelo Ocidente

MARCIO AITH
de Tóquio

Cineastas japoneses reclamam da preferência do público local por produções estrangeiras, mas os números mostram uma realidade diversa. Com coloridos filmes de animação, tramas detetivescas e histórias da máfia oriental, a indústria japonesa compete em pé de igualdade com Hollywood na disputa pelo mercado japonês de 140 milhões de espectadores.
Não é pouca coisa. É como se todos os habitantes do país frequentassem o cinema uma vez por ano e 15 milhões deles repetissem a dose.
Trata-se de um mercado notável, levando-se em consideração que um bilhete custa US$ 18 e um saco de pipoca custa US$ 10 nos cinemas de luxo do bairro de Ginza.
O ano de 1997 foi um exemplo marcante da vitalidade das produções locais. A indústria japonesa produziu 278 títulos. Um deles -o desenho animado "Mononoke-Hime"- bateu a bilheteria de "E.T. - O Extraterrestre" e chegou ao recorde de público em toda a história do Japão -13,5 milhões de pessoas. O desenho retrata uma princesa-monstro que personaliza forças da natureza.
² "Titanic"
Números preliminares indicam que "Titanic" conseguiu ultrapassar a marca de "Mononoke-Hime" em 98, mas por pouco -menos de US$ 200 mil de diferença, numa arrecadação de US$ 18,3 milhões.
Na acirrada disputa pelo mercado japonês, o público despreza filmes locais consagrados pela crítica ocidental, diferentemente do que diz o cineasta Takeshi Kiatono em entrevista.
O exemplo mais marcante é seu "Hana-Bi", vencedor do Leão de Ouro de Veneza e um fracasso de público no Japão. Lançado no ano passado, o filme já saiu de exibição das salas de Tóquio e nem figura entre as cinco maiores bilheterias de filmes japoneses.
O grande hit do momento é "Odoru Dai-Sousasen", um romance policial lançado em setembro que já arrecadou US$ 4 milhões e deverá ultrapassar, no ano, a bilheteria de "Pocket Monster".
O único caso recente em que público japonês e a crítica internacional convergiram em torno de um filme foi "Dança Comigo" (96), que retrata a influência da dança no cotidiano de um assalariado japonês. O filme, de Masayuki Suo, foi visto por 2,5 milhões de japoneses.



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