São Paulo, segunda, 25 de janeiro de 1999

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RELÂMPAGOS
Ouvir águas

JOÃO GILBERTO NOLL

Pombos na praça. Um homem jogava bola, como se retirando num fundo de cenário. Imaginei fosse um domingo. Depois vi mais e mais gente chegando. Certamente um dia útil. Um guri pediu. Fiz um murmúrio vago, não sei se de impaciência, mas logo disse: não tenho, não tenho nada. E de fato não tinha, a não ser que ficasse nu. Uma lagartixa passava por entre pedras num canteiro. O PM rondava. E por trás de tudo um córrego vazava seu lamento. Como assim?, pergunta o companheiro no balcão do café. Não sei, respondo: mas me parece, me parece que dei para ouvir águas...



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