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"Indo até o fim"
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Mark Pellington, talentoso diretor de videoclipes, está fazendo
uma surpreendente transição para
a tela grande. Entre o radicalismo
experimental do clipe "Jeremy",
do Pearl Jam, e o estilo comportado do clipão "Destination Anywhere", de Jon Bon Jovi, o drama
"Indo até o Fim" apresenta um cineasta instigante, ousado.
O filme, ambientado em 1954, é
um tratado sobre a amizade de
dois rapazes que tinham tudo para
nunca trocarem uma palavra.
Porque um deles é Gunner (Ben
Affleck), bonitão da escola, herói
do time de futebol, filho da tresloucada Nina (Lesley Ann Warren),
mulher que choca a sociedade com
sua sexualidade explosiva.
Seu amigo é Sonny (Jeremy Davies), rejeitado na escola, magrelo
e fracote, filho da carola Alma (Jill
Clayburgh), mulher que não consegue entabular uma conversa sem
entoar um cântico religioso.
Os dois rapazes são convocados
para a Guerra da Coréia e têm destinos bem distintos no combate.
Enquanto Gunner vai ao front e retorna coberto de medalhas, Sonny
fica em Kansas City fazendo burocrático trabalho de escritório.
Os dois se encontram no trem,
voltando para sua cidadezinha, e
iniciam uma conversa que vara a
madrugada, regada a saquê.
De volta ao lar, eles iniciam uma
amizade que incomoda tanto a
turma de Gunner, grandalhões do
time de futebol que não entendem
como o amigo perde tempo com
um fracassado, e a família de
Sonny, que considera um emissário do diabo o novo amigo que leva
seu garoto aos bares.
Gunner e Sonny vão percebendo
que suas vidas naquele lugar estão
destinadas à mediocridade. Planejam uma fuga, mas ela só vai se
concretizar quando surge a garota
que transtorna a libido da dupla.
Jeremy Davies, que interpretou o
medroso de "O Resgate do Soldado Ryan", imprime conformismo
e impotência ao frágil Sonny. Mas
quem brilha é Ben Affleck, astro de
"Armageddon" e vencedor do Oscar de melhor roteiro por "O Gênio
Indomável", escrito a quatro mãos
com o amigo Matt Damon.
O ar blasé de Affleck carrega o filme, já que são as mudanças psicológicas de seu personagem que
conduzem a narrativa, e o ator as
revela com a sutileza exata.
Cenas ousadas de sexo, ligadas
por uma corrente de tensão constante, transformam o filme em algo bem mais denso do que outros
registros da perda da inocência na
América dos anos 50. Aqui, tudo é
flagrado por um diretor criativo,
pelos olhos de dois amigos.
Filme: Indo até o Fim
Produção: EUA, 1998, 110 min
Direção: Mark Pellington
Com: Ben Affleck, Jeremy Davies, Amy
Locane
Lançamento: Europa (tel. 011/530-9415)
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