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GASTRONOMIA
Devagar com o andor que o santo é de barro
NINA HORTA
Colunista da Folha
Recebi um cartapácio vindo da
Itália com um belo convite para
que eu me tornasse membro do
Movimento Slow Food e que
apresentasse um candidato ao
Prêmio Slow Food, que será dado
numa cerimônia em Bolonha em
outubro de 2000.
Os candidatos, no entanto, deverão se apresentar logo, com
suas credenciais e projetos, e espero que os interessados entrem
em contato imediato comigo por
meio do e-mail
ninahort@uol.com.br.
Fui me informar sobre o movimento fundado em 1986, que tem
como objetivo final difundir uma
filosofia do gosto que harmonize
conhecimento de causa e prazer.
O grupo trabalha pela redescoberta da riqueza e dos aromas das
cozinhas locais, em oposição aos
efeitos niveladores da vida rápida,
que põem em perigo nosso modo
de ser em todos os níveis.
Os princípios básicos sobre os
quais se apóiam todas as atividades do grupo são os seguintes:
Espalhar e estimular a consciência da cultura do alimento
(cada produto traz dentro de si os
sabores da terra, os ritos e as antigas técnicas de produção);
Proteger a herança alimentar
e cultural (a defesa da biodiversidade nas plantações, as técnicas
artesanais e tradições alimentares);
Proteger a herança histórica,
artística e o meio ambiente dos lugares de prazer gastronômico (cafés, botequins, docerias, hotéis,
pousadas, laboratórios de trabalho).
Já há 14 anos, o Movimento Internacional de Slow Food vem
dando apoio à produção artesanal e mesmo industrial de boa
qualidade, tanto de comida em
vias de extinção, como de novidades que surgem. Vai ao mercado
educar o consumidor e o produtor e apóia e maximiza esforços de
projetos e investimentos.
O Prêmio Slow Food, mais especificamente, serve de palco aos
candidatos que produzem qualidade, tradição, riqueza e idéias.
O serviço do júri é fotografar cada canto do mundo em busca dos
indivíduos que mereçam apoio a
projetos e atividades em andamento ou a serem desenvolvidas.
Geralmente são heróis anônimos que consideram o vinho e a
comida como expressão cultural
de um passado e de um futuro,
pessoas que trabalham a terra,
criam animais, vendem no mercado, cozinham, ensinam a cozinhar, inventam, têm o que ensinar aos mais jovens, defendem a
biodiversidade, elaboram projetos técnicos, defendem e promovem a nossa herança de espécies e
tentam melhorar essa herança.
Qual o prêmio? Reconhecimento público por seus esforços, um
prêmio em dinheiro, de 10 mil euros, a promoção e apoio de suas
atividades em todos os níveis editoriais e promocionais e nos livros
e periódicos do Movimento Slow
Food.
O emblema do movimento é o
caracol, um animal pequeno, cosmopolita e prudente. Serve de
amuleto contra a velocidade desregrada do mundo atual, onde
não temos tempo para parar, pensar, provar, cheirar e dar palpite
sobre o gosto das coisas que comemos.
Na linguagem desta coluna, eu
diria para os candidatos. Por onde
anda a manga sapatinho?... Por
que não se plantam mangaritos?...
Que maravilhoso esse seu doce de
jaca! A senhora ensina a fazê-lo?...
A farinha de mandioca do Walter
não tem igual... Quem está salvando o palmito da mata atlântica?...
e assim por diante. Espero indicações e informações, não me desapontem, por favor!
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