São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2000


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GASTRONOMIA
Devagar com o andor que o santo é de barro

NINA HORTA
Colunista da Folha

Recebi um cartapácio vindo da Itália com um belo convite para que eu me tornasse membro do Movimento Slow Food e que apresentasse um candidato ao Prêmio Slow Food, que será dado numa cerimônia em Bolonha em outubro de 2000.
Os candidatos, no entanto, deverão se apresentar logo, com suas credenciais e projetos, e espero que os interessados entrem em contato imediato comigo por meio do e-mail ninahort@uol.com.br.
Fui me informar sobre o movimento fundado em 1986, que tem como objetivo final difundir uma filosofia do gosto que harmonize conhecimento de causa e prazer.
O grupo trabalha pela redescoberta da riqueza e dos aromas das cozinhas locais, em oposição aos efeitos niveladores da vida rápida, que põem em perigo nosso modo de ser em todos os níveis.
Os princípios básicos sobre os quais se apóiam todas as atividades do grupo são os seguintes:
  Espalhar e estimular a consciência da cultura do alimento (cada produto traz dentro de si os sabores da terra, os ritos e as antigas técnicas de produção);
  Proteger a herança alimentar e cultural (a defesa da biodiversidade nas plantações, as técnicas artesanais e tradições alimentares);
  Proteger a herança histórica, artística e o meio ambiente dos lugares de prazer gastronômico (cafés, botequins, docerias, hotéis, pousadas, laboratórios de trabalho).
Já há 14 anos, o Movimento Internacional de Slow Food vem dando apoio à produção artesanal e mesmo industrial de boa qualidade, tanto de comida em vias de extinção, como de novidades que surgem. Vai ao mercado educar o consumidor e o produtor e apóia e maximiza esforços de projetos e investimentos.
O Prêmio Slow Food, mais especificamente, serve de palco aos candidatos que produzem qualidade, tradição, riqueza e idéias.
O serviço do júri é fotografar cada canto do mundo em busca dos indivíduos que mereçam apoio a projetos e atividades em andamento ou a serem desenvolvidas.
Geralmente são heróis anônimos que consideram o vinho e a comida como expressão cultural de um passado e de um futuro, pessoas que trabalham a terra, criam animais, vendem no mercado, cozinham, ensinam a cozinhar, inventam, têm o que ensinar aos mais jovens, defendem a biodiversidade, elaboram projetos técnicos, defendem e promovem a nossa herança de espécies e tentam melhorar essa herança.
Qual o prêmio? Reconhecimento público por seus esforços, um prêmio em dinheiro, de 10 mil euros, a promoção e apoio de suas atividades em todos os níveis editoriais e promocionais e nos livros e periódicos do Movimento Slow Food.
O emblema do movimento é o caracol, um animal pequeno, cosmopolita e prudente. Serve de amuleto contra a velocidade desregrada do mundo atual, onde não temos tempo para parar, pensar, provar, cheirar e dar palpite sobre o gosto das coisas que comemos.
Na linguagem desta coluna, eu diria para os candidatos. Por onde anda a manga sapatinho?... Por que não se plantam mangaritos?... Que maravilhoso esse seu doce de jaca! A senhora ensina a fazê-lo?... A farinha de mandioca do Walter não tem igual... Quem está salvando o palmito da mata atlântica?... e assim por diante. Espero indicações e informações, não me desapontem, por favor!


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