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Drexler diz que vai à cerimônia
DA CALIFÓRNIA
Leia a entrevista que o músico uruguaio Jorge Drexler deu à Folha, de Los Angeles:
(SD)
Folha - Por que você não cantará
sua música, como é praxe?
Jorge Drexler - É uma discrepância de critérios. Eu, nas minhas
canções, Walter, nos seus filmes,
tomamos nossas decisões levando em conta apenas os critérios
artísticos e estéticos. Numa grande transmissão de TV, os critérios
artísticos não são nem os primeiros nem os segundos, só os da audiência. Para eles, não é importante respeitar a coerência entre a
estética da canção apresentada e a
a que vai ser mostrada no show.
Se baseiam numa figura midiática
Folha - E Banderas é isso?
Drexler - Sim. Mas levando em
conta esta situação estranha, o
Antonio teve uma atitude muito
elegante, falou conosco, disse que
cantaria só se nós quiséssemos e
que defenderia a música com todo o carinho que pudesse. Eu ficaria encantado, seria uma honra se
Caetano Veloso cantasse, como
sugerimos. Mas eles nunca perguntaram nossa opinião e só estão interessados em estrelas.
Folha - Pela audiência?
Drexler - Sim, e eu não jogo nessa liga. Conheço minhas limitações e opções, sei o que posso fazer com um violão na mão e um
microfone, mas sei que não sou
uma figura midiática. A exposição que esta música tem é um parasita, não o mais importante, e
eles consideram o mais importante. São critérios contraditórios.
A audiência nos EUA é tratada de
uma maneira fundamentalista, é
muito importante para os produtores que todo o mundo veja apenas o programa deles.
Folha - Como você soube que não
seria você?
Drexler - Ninguém me ligou diretamente. Não foi elegante.
Folha - Valeu ser indicado?
Drexler - É muito importante
não perder a perspectiva de que
isso é um fato cultural de relevância, uma academia de fala inglesa
abrir as portas para uma canção
espanhola. Em 1945, Ary Barroso
foi indicado por "Brazil", mas era
a versão em inglês. Perdeu.
Folha - E você, vai ganhar?
Drexler - Não sei, é um mistério
para mim. Mas vou à cerimônia,
porque isso não é uma obrigação,
é um direito, ganhei este lugar.
Tenho muito orgulho desta canção, vou caminhar pelo tapete
vermelho no domingo de cabeça
erguida, não vou me esconder.
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