São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

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CRÍTICA

Atores de cera encenam clipe velho do "Fantástico"

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Há algo de assustador nesta nova versão para o cinema do célebre romance de terror "O Fantasma da Ópera", e esse algo não está na história ou no personagem central. Graças a uma encenação que lembra os clipes do "Fantástico" dos anos 80 e a atores que parecem ter saído do museu de cera de Madame Tussaud, o terror se imprime na película de forma sui generis: são as expressões do elenco, os cenários e os movimentos de câmera que provocam arrepios de medo.
Desde sua publicação, em 1911, essa história vem sendo recontada ao infinito. O primeiro filme foi produzido em 1925. A versão musical de Andrew Lloyd Webber, base deste longa, estreou em 1986. Um espetáculo quase 100% cantado, que chega ao cinema com pouquíssimas modificações.
Com tanta música era de esperar um elenco de bons cantores. Mas nem mesmo esse mínimo requisito o filme cumpre. O trio principal não é apenas fisicamente esquisito (Gerard Butler como o fantasma, Emmy Rossum como Christine e Patrick Wilson como Raoul parecem bonecos sem vida), suas vozes tornam quase insuportáveis os temas grudentos compostos por Lloyd Webber.
Joel Schumacher, que já enterrou a série "Batman", pode agora ter dado sua contribuição para desestimular a onda dos musicais. Ele ainda procura dar algum verniz à sua encenação com traços da pós-modernidade de "Moulin Rouge" e referências a Jean Cocteau ("A Bela e a Fera" e "Orfeu"), mas não consegue esconder a cafonália de sua concepção.
Em breve, "O Fantasma da Ópera" chega a Las Vegas em um teatro construído para abrigá-lo, para sempre. Cumprirá melhor a tarefa de eternizar esse espetáculo do que esse filme, que clama para si essa nobilíssima missão.


O Fantasma da Ópera
The Phantom of the Opera
Direção: Joel Schumacher
Produção: EUA, 2004
Com: Emmy Rossum, Patrick Wilson
Quando: a partir de hoje nos cines Bristol, Iguatemi e circuito


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