São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 2006

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Autor é um dos "néoréacs", a nova direita francesa

DA REPORTAGEM LOCAL

A turma do filósofo-celebridade Bernard Henry-Lévy, "novos" pensadores -surgidos para a vida pública nos anos 70- críticos do marxismo e dos consensos de esquerda, tem estado no centro do debate político na França nos últimos meses. Essa nova direita, ou "néoréacs" (neo-reacionários), na expressão de artigo da revista "Nouvel Observateur", incluiria ainda os filósofos André Glucksmann e Alain Finkielkraut.
A explosão dos conflitos nas periferias das grandes cidades do país, em 2005, foi a senha para entrarem em cena com força, principalmente os dois últimos. Atearam fogo na compreensão bondosa das razões dos jovens que incendiavam carros como se elas fossem simples Renaults. A revolta foi caracterizada por um dos novos direitistas, Finkielkraut, como conflito "étnico-religioso".
Ele fez questão de dizer que "a maioria dos que protestavam" eram negros ou árabes, "com uma identidade muçulmana", e que ver na revolta "uma resposta ao racismo francês é estar cego para um ódio bem mais amplo: o que existe contra o Ocidente". As declarações, feitas ao jornal israelense "Haaretz", foram duramente criticadas na França.
Segundo o "Nouvel Observateur", o que unifica os "novos reacionários" é a crença de que o mundo vive desde o 11 de Setembro uma guerra em que o Ocidente e seus valores são atacados por "bárbaros". Há coerência no seu discurso, e a reação que empreendem contra o "politicamente correto" cria simpatizantes. Os novos direitistas argumentam que foram e ainda são vítimas de uma hegemonia intelectual de esquerda que não permite dissidências. Para a "Nouvel Observateur", eles apresentam idéias do senso comum conservador como se fossem "audácias intelectuais".


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