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Scorsese pode, enfim, quebrar jejum
Após várias derrotas, um dos mais prestigiados cineastas americanos é favorito ao prêmio de direção por "Os Infiltrados"
Principal rival é Clint, que já venceu anteriormente;
"Os Infiltrados" é o maior sucesso de bilheteria entre os filmes de Martin Scorsese
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Até a noite de hoje, Martin
Scorsese faz parte de um grupo
que inclui Alfred Hitchcock,
Orson Welles, Stanley Kubrick
e Howard Hawks. Nenhum deles ganhou o Oscar de melhor
diretor. Todos foram indicados.
Amanhã, é altamente provável que Scorsese acorde em outra lista, a de Robert Redford,
Barry Levinson e Kevin Costner, que o derrotaram em outras ocasiões. Por que fazer
questão em sair do primeiro
clube e entrar no segundo?
A pergunta talvez deva ser
feita não ao principal interessado, que talvez não atribua tanta
importância assim à estatueta,
mas a todos os que, indicação
após indicação, perguntam se
agora vai.
Sim, tudo indica que vai. Até
o Directors Guild of America
(DGA), o sindicato dos diretores, que também nunca o havia
premiado, resolveu neste ano
tirá-lo da fila. Como Scorsese
não merece vexame ao vivo em
rede internacional, a Academia
deve finalmente alinhá-lo a
gente de primeiro time como
John Ford, Elia Kazan, David
Lean e Billy Wilder, que têm o
Oscar no currículo.
Sem falar em Roman Polanski e Clint Eastwood, que já o
derrotaram em disputas anteriores. É curioso, entretanto,
que tenha assinado sozinho 19
longas de ficção antes de ser reconhecido em Hollywood, aos
64, por uma refilmagem.
É bem verdade que "Os Infiltrados" deixou na poeira "Taxi
Driver" (1976), "Touro Indomável" (1980) e "Os Bons Companheiros" (1990) em bilheteria, com US$ 130 milhões apenas nos EUA.
Eliminação
Poderosa ferramenta de divulgação a serviço da indústria
norte-americana, o Oscar tende a contemplar filmes que obtêm respostas positivas do
mercado. Seria coerente premiar Scorsese por seu longa
mais popular.
A vitória parece próxima
também por eliminação. Entre
os quatro concorrentes, quem
poderia ser invocado para impedir pela oitava vez (cinco anteriores como diretor e duas
como roteirista) seu discurso
de agradecimento?
Clint Eastwood, 76, por critérios estritamente criativos.
Não é difícil argumentar a favor
de "Cartas de Iwo Jima" contra
"Os Infiltrados", e a favor da
contribuição de Eastwood ao
primeiro contra a de Scorsese
ao segundo.
As votações costumam levar
em conta, no entanto, outros
fatores (como se a comparação
entre filmes e diretores já não
fosse sujeita a turbulências). E
Eastwood tem duas dobradinhas melhor filme-direção, por
"Os Imperdoáveis" (1993) e
"Menina de Ouro" (2005).
Sim, tudo indica que desta
vez vai. Steven Spielberg e Leonardo DiCaprio entregaram a
Scorsese o prêmio do DGA. Pelo protocolo habitual, o vencedor em 2006, o taiuanês Ang
Lee, deveria lhe entregar o Oscar. Se resta algum suspense, é
o do portador do envelope.
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