São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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Scorsese pode, enfim, quebrar jejum

Após várias derrotas, um dos mais prestigiados cineastas americanos é favorito ao prêmio de direção por "Os Infiltrados"

Principal rival é Clint, que já venceu anteriormente; "Os Infiltrados" é o maior sucesso de bilheteria entre os filmes de Martin Scorsese

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Até a noite de hoje, Martin Scorsese faz parte de um grupo que inclui Alfred Hitchcock, Orson Welles, Stanley Kubrick e Howard Hawks. Nenhum deles ganhou o Oscar de melhor diretor. Todos foram indicados.
Amanhã, é altamente provável que Scorsese acorde em outra lista, a de Robert Redford, Barry Levinson e Kevin Costner, que o derrotaram em outras ocasiões. Por que fazer questão em sair do primeiro clube e entrar no segundo?
A pergunta talvez deva ser feita não ao principal interessado, que talvez não atribua tanta importância assim à estatueta, mas a todos os que, indicação após indicação, perguntam se agora vai.
Sim, tudo indica que vai. Até o Directors Guild of America (DGA), o sindicato dos diretores, que também nunca o havia premiado, resolveu neste ano tirá-lo da fila. Como Scorsese não merece vexame ao vivo em rede internacional, a Academia deve finalmente alinhá-lo a gente de primeiro time como John Ford, Elia Kazan, David Lean e Billy Wilder, que têm o Oscar no currículo.
Sem falar em Roman Polanski e Clint Eastwood, que já o derrotaram em disputas anteriores. É curioso, entretanto, que tenha assinado sozinho 19 longas de ficção antes de ser reconhecido em Hollywood, aos 64, por uma refilmagem.
É bem verdade que "Os Infiltrados" deixou na poeira "Taxi Driver" (1976), "Touro Indomável" (1980) e "Os Bons Companheiros" (1990) em bilheteria, com US$ 130 milhões apenas nos EUA.

Eliminação
Poderosa ferramenta de divulgação a serviço da indústria norte-americana, o Oscar tende a contemplar filmes que obtêm respostas positivas do mercado. Seria coerente premiar Scorsese por seu longa mais popular.
A vitória parece próxima também por eliminação. Entre os quatro concorrentes, quem poderia ser invocado para impedir pela oitava vez (cinco anteriores como diretor e duas como roteirista) seu discurso de agradecimento?
Clint Eastwood, 76, por critérios estritamente criativos. Não é difícil argumentar a favor de "Cartas de Iwo Jima" contra "Os Infiltrados", e a favor da contribuição de Eastwood ao primeiro contra a de Scorsese ao segundo.
As votações costumam levar em conta, no entanto, outros fatores (como se a comparação entre filmes e diretores já não fosse sujeita a turbulências). E Eastwood tem duas dobradinhas melhor filme-direção, por "Os Imperdoáveis" (1993) e "Menina de Ouro" (2005).
Sim, tudo indica que desta vez vai. Steven Spielberg e Leonardo DiCaprio entregaram a Scorsese o prêmio do DGA. Pelo protocolo habitual, o vencedor em 2006, o taiuanês Ang Lee, deveria lhe entregar o Oscar. Se resta algum suspense, é o do portador do envelope.


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