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Crítica
"Sputnik" põe mundo louco com Rio no centro
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A existência, e o mundo com
ela, prescinde de lógica, parece
nos dizer "O Homem do Sputnik" (Canal Brasil, 10h40; livre), de Carlos Manga.
Pois estamos em plena Guerra Fria, os russos lançam o primeiro foguete espacial, o "sputnik", o assombro é geral... E, no
entanto, onde veio cair o "sputnik"? Segundo o filme, no quintal de Oscarito, em pleno Rio de
Janeiro.
Essa disposição geográfica,
que enlouquece gregos e troianos, russos e americanos, além
de trazer ao Brasil uma igual de
Brigitte Bardot (Norma Bengell), traduz um estado de espírito que nunca mais o Rio experimentou: o de ser centro do
mundo. Não era. Como o Brasil
inteiro, era uma periferia total
em 1959. Mas tinha o sentimento de ser centro do mundo.
A fundação de Brasília feriu
mortalmente essa autoimagem
feliz que, de certa forma, transpirava para todo o país e de que
a chanchada foi a mais completa expressão.
Essa autoestima é algo que os
jogos olímpicos e/ou petróleo
podem resgatar. A chanchada,
nunca.
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