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DISCO - LANÇAMENTOS
Cardigans lançam o disco que comprariam
MARCELO NEGROMONTE
da Redação
Uma vozinha sexy e um pouco
fanhosa atende ao telefone. "Yes?".
A vocalista dos Cardigans, Nina
Persson, 24, estava prestes a subir
no palco, anteontem, em San Diego (EUA), para o último show da
turnê norte-americana do quarto
álbum da banda, "Gran Turismo".
Disco este que chega ao Brasil e
traz algumas mudanças em relação
aos anteriores. "A grande diferença é que estamos utilizando equipamentos eletrônicos", diz Nina,
um pouco gripada. A música continua sombria, mas menos retrô.
Com as canções "Carnival" e
principalmente "Lovefool", os
Cardigans levaram baladas e roquinhos "para cima" às paradas
mundiais nesta década. Mas, paradoxalmente, tudo muito sério.
"Algumas pessoas acham que
nossa música sempre foi alegrinha
e dançante. Nós sempre fomos
muito sérios em relação às músicas. "First Band on the Moon" (96) é
um disco sombrio em geral. Já
"Gran Turismo" é o nosso primeiro
álbum que todos os integrantes da
banda comprariam", disse Nina.
"Isso seria um reflexo do que estamos ouvindo, como Neil Young,
Sparklehorses, Bob Dylan, Smog,
músicos que tratam a música com
seriedade". "Não acho que haja
uma linha coerente entre "Gran
Turismo" e os álbuns anteriores."
Talvez por não haver cover do
Black Sabbath, banda de heavy
metal idolatrada pelos integrantes
suecos de sobrenomes que terminam em "sson".
"Na verdade, fazemos covers nos
álbuns ímpares. A primeira foi
"Sabbath Black Sabbath", lançada
em "Emmerdale" (94), que está na
versão norte-americana de "Life"
(95), segundo álbum, que foi lançado na Suécia com outras músicas
e sem essa cover. No terceiro disco,
"First Band on the Moon" incluímos outra do Sabbath, "Iron Man".
Achamos que não havia espaço para covers em "Gran Turismo'", disse Nina de um quarto de hotel.
O primeiro single de "Gran Turismo" -nome de um videogame
que a banda aprecia- foi "My Favourite Game", cujo clipe foi dirigido por Jonas Akerlund, o mesmo
de "Ray of Light", de Madonna, e
"Smack My Bitch Up", do Prodigy.
Portanto, polêmico.
No clipe -uma versão automobilística do vídeo de "Bitter Sweet
Symphony", do Verve- Nina,
com cabelos ao vento num conversível, passeia numa estrada desviando e batendo em outros carros, provocando acidentes cinematográficos. Oh, sim, ela morre
no final de modo tragicômico.
Além de Nina, Lars-Olof Johansson (teclados, violão), Magnus
Sveningsson (baixo), Peter Svensson (guitarra) e Bengt Lagerberg
(bateria) completam a banda de
um país, cujo único nome a ter sobressaído no cenário rock/pop
mundial foi o Abba.
Mas Nina discorda que os Cardigans sejam os suecos mais importantes que o Abba no cenário pop.
"Eles eram uma máquina de fazer
hits e não tocavam ao vivo porque
não gostavam. Nós adoramos fazer
turnês e somos uma banda de
rock, mas não vendemos milhões
como o Abba", afirmou Nina, com
modéstia encantadora.
Eurodance e metal são duas vertentes pop bastante populares no
país nórdico, lugar onde os Cardigans parecem ser a exceção do
rock sonhador da música pop
oriunda de lá.
"Havia muitas bandas de heavy
metal na Suécia na época do glam
(meados dos anos 70). Hoje há menos heavy e mais death metal, que é
algo mais pesado do que o mais pesado que existe. Menos pelo peso e
mais pela falta de sentido desse tipo de música que eu não consigo
ouvir. Mas adoro Black Sabbath,
AC/DC, Motorhead, Led Zeppelin", disse Nina, que não gosta de
Sepultura e Pantera, por exemplo.
Segundo ela, a Suécia possui um
vasto espectro de bandas de pop
music -"encontra-se o que quiser
lá"-, mas que pouquíssimas são
conhecidas por não serem "exportadas", como os Cardigans. Nina
pessoalmente aposta na banda
Kent, que abriu a turnê norte-americana do grupo. "E é uma boa banda de rock que deve explodir."
Ao Brasil os Cardigans não têm
planos para vir. "Adoraria conhecer o Brasil, mas é muito difícil tocar aí. Se não puder ir com a banda,
pretendo visitá-lo sozinha", ameaça Nina.
Hoje a banda está na Europa e toca dia 5 no Japão, primeiro país em
que a banda ficou conhecida fora
da Suécia. Seria a música retrô?
"Não tenho a menor idéia por que
somos tão populares lá. Os japoneses são bem louquinhos. Quando
eles gostam de alguma coisa, eles
amam de verdade. É um pouco irreal, mas eu gosto." Nina é mesmo
irresistivelmente sedutora.
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