São Paulo, Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 1999
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Black Crowes volta à simplicidade

Divulgação
Integrantes do grupo norte-americano Black Crowes, que lançam no país o seu novo disco, "By Tour Side"


ANDRÉ BARCINSKI
especial para a Folha, em Nova York

Os Black Crowes são a melhor banda dos anos 70 a gravar nos anos 90. São nostálgicos sim, e com muito orgulho. "Não me importo que nos chamem de banda retrô", diz Rich Robinson, guitarrista e líder (junto com o irmão, o vocalista Chris) do Black Crowes.
"Tenho orgulho de nossas influências. Crescemos ouvindo blues, rockabilly e rock psicodélico e tentamos interpretar essas influências de acordo com nossas experiências e talento. De que adianta inovar sempre, se a música que mais nos emociona é a antiga?"
Depois de vender mais de 10 milhões de cópias dos dois primeiros LPs, "Shake Your Money Maker" e "The Southern Musical Harmony Companion", discos com rocks simples e curtos, o Black Crowes lançou dois discos mais experimentais, "Amorica" e "Three Snakes and a Charm".
Agora, volta à simplicidade do início da carreira com "By Your Side", uma paulada. Em Nova York, o guitarrista Rich Robinson, em entrevista exclusiva à Folha, falou do novo disco e comentou a saída do guitarrista Mark Ford.

Folha - Seu novo disco, "By Your Side", soa mais simples e direto que os dois anteriores...
Rich Robinson -
Sim, é verdade. Nos últimos dois discos estávamos mais interessados em experimentar, em fazer longas "jams", mas agora estamos voltando a um rock mais simples. Houve muito improviso nos outros discos, nesse não.
Folha - Por que voltar às origens?
Robinson -
Estávamos cansados de ficar tocando a mesma música por 20 minutos. Estávamos parecendo o Grateful Dead (banda hippie conhecida por fazer shows longuíssimos), a coisa estava ficando chata não só para nós, mas principalmente para os fãs. Acho que Mark Ford é quem mais nos incentivava a fazer "jams" ao vivo.
Folha - Teria sido essa uma das razões da saída dele?
Robinson -
Foi uma das razões, mas não a principal. Mark tinha um sério problema com drogas. Nós tentamos ajudá-lo, mas ele simplesmente não queria se endireitar. Não vou dizer que somos anjos, mas há uma diferença grande entre tomar algo para se divertir e deixar que a droga te arrase.
Folha - Você e seu irmão sempre curtiram blues e rock. Crescer no sul do país foi uma bênção?
Robinson -
Sem dúvida. Foi do sul que veio a melhor música americana, blues, jazz, country.
Folha - Você se irrita quando alguém classifica o Black Crowes de banda retrô?
Robinson
Não. Isso é tão ridículo. Acho que, em nossas vidas, devemos sempre olhar para o passado para buscar inspiração. Não dá para evoluir sem olhar para trás, sem conhecer e entender os artistas que vieram antes de você.


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