São Paulo, Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 1999
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QUADRINHOS
Minissérie de Alan Moore e Dave Gibbons é republicada no Brasil em 12 edições, um capítulo por revista
Heróis "normais" de "Watchmen" voltam

Reprodução
Dr. Manhattan, um dos protagonistas da minissérie "Watchmen"



PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
free-lance para a Folha

Dois dos títulos mais importantes das histórias em quadrinhos serão republicados no Brasil: "Watchmen", que começa a sair hoje, e "Sandman" (leia ao lado).
A minissérie "Watchmen" foi publicada em 12 edições nos EUA em 1985. No Brasil, saiu em 89 dividida em seis edições, cada uma reunindo dois números do original americano. A partir de hoje, a série será publicada como no original, com um capítulo por revista.
Escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons, a série foi um sucesso por tratar o mundo dos super-heróis de um modo adulto. A história não mostra um combate entre super-heróis e supervilões. A série parte do seguinte princípio: o que aconteceria se os super-heróis existissem?
O que Moore mostra são pessoas normais vestindo fantasias e saindo às ruas para enfrentar criminosos comuns. Com o tempo, a situação torna-se insustentável, com o governo norte-americano proibindo a atuação dos chamados super-heróis porque qualquer pessoa fantasiada podia espancar uma alguém na rua e alegar que estava combatendo o "mal".
O único super-herói com poderes é o Dr. Manhattan, que surge cerca de 20 anos depois dos primeiros super-heróis. Ele é invencível: pode se teletransportar, mudar de tamanho, destruir uma pessoa com um pensamento, existir em vários lugares ao mesmo tempo e ainda ver o futuro. Com o Dr. Manhattan ao lado, os Estados Unidos venceram a Guerra do Vietnã.
Ele é uma arma dezenas de vezes mais poderosa que uma bomba atômica, mas é inteligente e exageradamente leal ao seu país. A questão que Moore levanta a partir de Dr. Manhattan é: como o mundo reagiria se uma nação, no caso os Estados Unidos, tivesse poder suficiente para destruir qualquer outro país em questão de minutos?
A editora DC Comics, a mesma do Batman e do Super-Homem, havia encomendado a Moore uma minissérie com os super-heróis da editora Charlton Comics. A Charlton fora concorrente da DC, mas havia sido incorporada a ela.
A idéia não foi adiante porque dois dos personagens da Charlton acabaram reaproveitados pela DC, ganhando revista própria: Capitão Átomo e Besouro Azul. Mas os personagens da ex-concorrente serviram de base para a criação dos heróis de "Watchmen".
Assim, o psicótico a serviço do governo dos EUA chamado Pacificador virou o Comediante. O Besouro Azul deu lugar ao Nite Owl (Coruja Noturna), o Thunderbolt ao Ozymandias, a Sombra da Noite à Silk Screen (Espectro de Seda) e o violento e mascarado Questão ao Rorscharch. O Capitão Átomo, o mais poderoso herói de sua editora, virou o Dr. Manhattan.
Para os fãs, o site The Annoted Watchmen esmiúça a série: tem desde a descrição das referências em todos os capítulos até um guia completo dos personagens, passando por uma linha cronológica com os acontecimentos mais importantes do mundo onde se passa a série. O endereço é http://student-www.uchicago.edu/users/jbfliege/watchmen.html.

Revista: Watchmen (ed. Abril)
Quanto: R$ 3,50 (minissérie quinzenal em 12 edições; 36 páginas)



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