São Paulo, sábado, 25 de março de 2000


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"Bonitinha" fecha trilogia de Góes

do enviado a Curitiba

Moacyr Góes fecha sua trilogia de tragédias cariocas de Nelson Rodrigues com "Bonitinha, mas Ordinária", hoje e amanhã, na Mostra Oficial em Curitiba.
Nos últimos dois anos, o diretor montou "Toda Nudez Será Castigada" e "Os Sete Gatinhos".
Desta vez, coloca em cena a história de Edgar (Leon Góes), rapaz que passa boa parte do espetáculo a repetir o bordão "o mineiro só é solidário no câncer", atribuído pelo autor ao jornalista e escritor Otto Lara Resende (1922-92).
Edgar é convencido pelo magnata Dr. Werneck (Oswaldo Loureiro) e seu genro Dr. Peixoto (André Valli) a se casar com Maria Cecília (Natália Lage), a "bonitinha" em questão. Ela teria engravidado após um estupro que mancharia a honra da família.
O rapaz titubeia em aceitar a bolada que lhe é oferecida. Da mesma forma, seu coração oscila entre a endinheirada Maria Cecília e a professora Ritinha (Helena Ranaldi), que depois se verá que não dá exatamente aulas.
Moacyr Góes tem ressalvas quanto à qualidade do texto de Nelson.
"O primeiro ato é brilhante, o segundo é muito bom e o terceiro tem problemas, e isso cabe a nós resolver", explica.
Diz que procura ser o mais fiel possível ao texto, sobretudo ao universo do autor. Também descarta uma atualização mais explícita da obra.
"São questões permanentes, como a sustentação do caráter a qualquer preço, e uma pseudo-atualização demonstraria incapacidade de perceber a atualidade contida no próprio texto", afirma.
Com a trilogia sobre Nelson, o encenador acredita ter "encostado numa temperatura bacana" do trabalho do autor.
Além do humor negro, do melodrama, das paixões e conflitos exacerbados, interessa-lhe a questão da "partitura sonora, do fraseado". Para Góes, o teatro é o "império da palavra". ""O que instaura essa visibilidade cênica é a palavra, do contrário fica tudo vazio, virtual."


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