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"Bonitinha"
fecha trilogia de Góes
do enviado a Curitiba
Moacyr Góes fecha sua trilogia
de tragédias cariocas de Nelson
Rodrigues com "Bonitinha, mas
Ordinária", hoje e amanhã, na
Mostra Oficial em Curitiba.
Nos últimos dois anos, o diretor
montou "Toda Nudez Será Castigada" e "Os Sete Gatinhos".
Desta vez, coloca em cena a história de Edgar (Leon Góes), rapaz
que passa boa parte do espetáculo
a repetir o bordão "o mineiro só é
solidário no câncer", atribuído
pelo autor ao jornalista e escritor
Otto Lara Resende (1922-92).
Edgar é convencido pelo magnata Dr. Werneck (Oswaldo Loureiro) e seu genro Dr. Peixoto
(André Valli) a se casar com Maria Cecília (Natália Lage), a "bonitinha" em questão. Ela teria engravidado após um estupro que
mancharia a honra da família.
O rapaz titubeia em aceitar a bolada que lhe é oferecida. Da mesma forma, seu coração oscila entre a endinheirada Maria Cecília e
a professora Ritinha (Helena Ranaldi), que depois se verá que não
dá exatamente aulas.
Moacyr Góes tem ressalvas
quanto à qualidade do texto de
Nelson.
"O primeiro ato é brilhante, o
segundo é muito bom e o terceiro
tem problemas, e isso cabe a nós
resolver", explica.
Diz que procura ser o mais fiel
possível ao texto, sobretudo ao
universo do autor. Também descarta uma atualização mais explícita da obra.
"São questões permanentes, como a sustentação do caráter a
qualquer preço, e uma pseudo-atualização demonstraria incapacidade de perceber a atualidade
contida no próprio texto", afirma.
Com a trilogia sobre Nelson, o
encenador acredita ter "encostado numa temperatura bacana" do
trabalho do autor.
Além do humor negro, do melodrama, das paixões e conflitos
exacerbados, interessa-lhe a questão da "partitura sonora, do fraseado". Para Góes, o teatro é o
"império da palavra". ""O que instaura essa visibilidade cênica é a
palavra, do contrário fica tudo vazio, virtual."
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