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PALESTRAS
Seminário debate imagem como violência
da Redação
Fugindo da análise da origem
da violência como decorrente de
um quadro socieconômico inevitável, o seminário internacional
Imagem e Violência, que acontece de 28 a 31 de março no Sesc Vila
Mariana, procura abordar o assunto de forma diferente.
"Diferente e corajosa", como
diz Norval Baitello Junior, professor da PUC-SP e curador do evento. A hipótese de que se parte é a
de que a violência existe em nossa
sociedade graças à "pressão por
visibilidade", isto é, devido à imagem. Qualquer tipo de imagem.
Uma idéia que, segundo Baitello,
não há ninguém estudando.
Para discutir essa idéia, o seminário contará com conferencistas
internacionais como Jean Baudrillard, Jacques Poulain, Dietmar
Kamper, Gerburg Treusch-Dieter
e Valerji Savchuk, entre os europeus, e o japonês Ryuta Imafuku.
Entre os brasileiros estão Norval
Baitello, Drauzio Varella, Edgard
de Assis Carvalho e Ciro Marcondes. Expoentes das ciências da comunicação, filosofia e da mídia.
Além das palestras, o assunto
será abordado em exposições de
artes plásticas e apresentações de
dança (veja quadro nesta página).
A idéia do seminário nasceu em
São Paulo em 1997, quando Dietmer Kamper esteve na PUC-SP
como professor visitante. Daí, em
1999, um miniseminário foi realizado em Berlim, uma primeira
rodada de discussões que alcançam seu clímax agora em São
Paulo, cidade que é considerada
um verdadeiro balão-de-ensaio
para novas formas de entender o
urbano.
Civilização
O conceito de civilização sempre esteve acompanhado da idéia
de diminuição da violência, no
entanto o que se observa é o contrário.
Nesse contexto, as imagens ganham uma importância fundamental na construção mesmo da
violência.
Norval Baitello, que discorrerá
sobre o tema "As Imagens Que
nos Devoram", enxerga três situações: as imagens que devoram as
imagens, as imagens que devoram as pessoas e as pessoas que
devoram as imagens.
O primeiro caso, mais comum
na sociedade urbana pós-moderna, envolve mesmo a forma de comunicação publicitária. Quando
uma imagem bíblica, por exemplo, é utilizada em um anúncio de
eletrodoméstico, assistimos à devoração da imagem pela imagem.
E que serve para qualquer manifestação artística que se utiliza
desse artifício.
No entanto a ousadia do raciocínio está mesmo nas duas últimas situações.
Como explica Baitello, as pessoas hoje vão contra suas próprias
características fisiológicas quando pretendem ser uma imagem.
Em outras palavras, transformam
o corpo em uma imagem. Nesse
grupo, está até a transexualidade.
Mas as pessoas podem devorar
as imagens. É o que ocorre quando deixam de se alimentar com
estímulos importantes ao seu desenvolvimento e acabam se alimentando de símbolos.
Esse tipo de projeção de imagens no imaginário pode resultar
em quadros clínicos, como a anorexia, por exemplo.
Segundo o professor, a única
explicação para que o assunto
violência não tenha sido abordado desse ângulo ainda foi a rapidez com que apareceu.
"A última metade do século viu
um crescimento inflacionário das
imagens que só foi notado agora",
diz.
A própria mídia, produtora de
imagens, acaba, nesse contexto,
tonando-se vítima de seus produtos. A "pressão por visibilidade"
obriga a mídia a veicular a violência a qualquer custo, uma vez que
há um mercado e, logo, gera receita para as empresas.
Nesse caso, a imagem acaba se
transformando em violência ela
própria, ao contrário do que se
pensava: que com a veiculação da
violência ela diminuiria.
Muitas dessas idéias e muitas
outras que serão defendidas ao
longo do seminário ainda não foram publicadas.
Outras artes
Além da palavra, que será utilizada nas conferências, a discussão
ganha forma plástica nas obras de
artistas contemporâneos como
Caíto, Christiane Liu, Coca Rodrigues Coelho, Maria Villares, Midori Hatanaka, Neuza Petti e Rubens Matuck.
E tem forma performática em
três espetáculos de dança, de Helena Bastos, Vera Sala e Gaby Imparato.
Para Baitello, "o pensamento
precisa ser materializado em três
dimensões".
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