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13º FESTIVAL DE CURITIBA
Grupo do Rio de Janeiro estréia, na Mostra Oficial do evento, releitura de texto crítico e irreverente escrito por Artur Azevedo
"O Carioca" atravessa realidade e ficção
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
À saída do cinema, casal se depara com uma criança chorando
na calçada. Ela diz que está perdida. Indagada sobre o seu nome,
responde: "Bala". Corte rápido
para a cena seguinte do musical
"O Carioca", retrato que o grupo
Os Fodidos Privilegiados pretende crítico e irreverente de sua cidade, o Rio de Janeiro.
A montagem faz estréia nacional na Mostra Oficial em Curitiba.
Bala perdida, arrastões, tráfico de
drogas, desemprego, deslizes dos
governantes, enfim, a dura realidade entremeia a adaptação de "A
Capital Federal", peça do escritor
e crítico maranhense Artur Azevedo (1855-1908).
"É um espetáculo de risco, tão
crítico e irreverente quanto o Artur, um autogozador. Ele nunca
abdicou do espírito lúdico em
seus textos", diz Fonseca, 39.
Com quadros que oscilam passado e presente, "O Carioca" bebe
na fonte do teatro de revista, gênero que teve auge no Rio nas primeiras décadas do século 20.
Os Privilegiados não passam o
ano a limpo, como é tradição na
revista. Há uma ou outra citação a
2003. O retrospecto é histórico;
remonta a 1915, por exemplo,
quando Lima Barreto escreve indignado sobre as inundações.
A geografia desponta no cenário, que reproduz os Arcos da Lapa, e nas miniaturas do Pão de
Açúcar e do Cristo Redentor.
Entre os números musicais,
contam-se os qüiproquós amorosos de uma família do interior de
Minas Gerais recém-chegada à
então capital federal.
Os Privilegiados, 13, que teve
Antônio Abujamra entre os fundadores, segue opção por releituras, como em "O Auto da Compadecida" (98) e "As Fúrias" (99).
Outro espetáculo que estréia no
festival é "A Aurora da Minha Vida", remontagem de seu próprio
autor, Naum Alves de Souza. É a
quarta vez que ele dirige a peça
que escreveu há 20 anos.
As memórias de um aluno vêm
à tona quando este, em adulto,
reencontra sua professora. A
crueldade dos colegas, mas também dos mestres e da diretoria
que cerceavam a liberdade, reveza
com passagens de humor e poesia
em chave satírica, perpassando as
décadas de 1940 a 1970.
13º FESTIVAL DE TEATRO DE
CURITIBA. Até 28/3. Inf.: 0/xx/41/323-4600; www.festivaldeteatro.com.br.
Patrocinadores: Itaú, Petrobras, TIM e
Prefeitura de Curitiba.
A fotógrafa Lenise Pinheiro, o repórter
Valmir Santos e o crítico Sergio Salvia
Coelho viajaram a convite da organização do FTC
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