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"O desafio é encontrar a mistura perfeita"
COLUNISTA DA FOLHA
Leia a entrevista com Simon
Ratcliffe, do Basement Jaxx.
(LR)
Folha - Da Austrália aos EUA, o
Basement Jaxx percorrerá neste
ano os principais festivais de música. A tour inclui um show em São
Paulo, que é uma rota desconhecida da dupla. O que você espera dessa apresentação?
Simon Ratcliffe - Pelo que eu ouvi falar, dá para esperar um público bem enérgico, pulando e gritando, causando o caos, se divertindo, em frenesi, louco, bebendo
demais. Ouvi dizer que a galera
daí bebe muito, mas não se droga.
Folha - Quem falou?
Ratcliffe - Não sei. Não me lembro agora. Mas alguém que já tocou aí. Mas, na verdade, nunca estive no Brasil e não tenho idéia do
que vou encontrar. Confesso que
isso me assusta um pouco.
Folha - O que vai estar na lista de
músicas do show?
Ratcliffe - Vamos tocar tudo.
Uma espécie de "o melhor do que
já fizemos". Vai ser uma apresentação centrada no "Kish Kash",
óbvio, porque é nosso mais recente disco. Mas, como é a primeira
vez que tocaremos no Brasil, vai
ter as mais conhecidas. Tocaremos umas desconhecidas também, porque está na hora de experimentarmos canções novas.
Folha - Como você situa o Basement Jaxx nessa crise da eletrônica, na implosão dos superclubes e
na volta aos clubes pequenos?
Ratcliffe - A música eletrônica
continua a mesma, mas a cultura
dos clubes fugiu do controle. Os
clubes foram ficando maiores e
maiores. Tudo ficou inflado, megalômano. As pessoas precisavam
gastar muito dinheiro em um clube gigante, para se divertir em
uma noite. O cachê dos DJs virou
um absurdo. E o custo de produção de discos dos superDJs se tornou altíssimo. Uma hora ia estourar, é natural. Foi inevitável, mas
se surge uma crise de um lado,
aparece uma luz de outro. Aparece gente que grava o disco na sala
da casa, coisas simples e altamente sofisticadas ao mesmo tempo.
Folha - Você entende que um caminho para a cena eletrônica é a
mistura de estilos?
Ratcliffe - A base que sempre
moveu o Basement Jaxx é a house
music. E tanto a house em particular quanto a eletrônica em geral
se tornaram uma fórmula. É muito fácil hoje em dia fazer música
eletrônica e agradar as pessoas. É
só escolher uma boa batida, arrumar um som seqüencial repetitivo e tocá-la alto numa pista. Esse
tipo de música não interessa ao
Basement Jaxx. Se house é o que
nós tocamos, queremos espichar
essa house para ver até onde ela
agüenta. Queremos misturá-la a
outros estilos de que gostamos.
Corremos o risco de o resultado
não ser bom. Mas o desafio é encontrar a mistura perfeita.
Folha - Descreva uma apresentação ao vivo do Basement Jaxx. O
que vamos ver aqui no Brasil?
Ratcliffe - É barulhenta, cheia de
cor, várias performances, grande
visual, é enérgica, divertida, dez
pessoas no palco, tem guitarras,
bateria, teclados e, claro, DJs.
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