São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004

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"O desafio é encontrar a mistura perfeita"

COLUNISTA DA FOLHA

Leia a entrevista com Simon Ratcliffe, do Basement Jaxx. (LR)
 

Folha - Da Austrália aos EUA, o Basement Jaxx percorrerá neste ano os principais festivais de música. A tour inclui um show em São Paulo, que é uma rota desconhecida da dupla. O que você espera dessa apresentação?
Simon Ratcliffe -
Pelo que eu ouvi falar, dá para esperar um público bem enérgico, pulando e gritando, causando o caos, se divertindo, em frenesi, louco, bebendo demais. Ouvi dizer que a galera daí bebe muito, mas não se droga.

Folha - Quem falou?
Ratcliffe -
Não sei. Não me lembro agora. Mas alguém que já tocou aí. Mas, na verdade, nunca estive no Brasil e não tenho idéia do que vou encontrar. Confesso que isso me assusta um pouco.

Folha - O que vai estar na lista de músicas do show?
Ratcliffe -
Vamos tocar tudo. Uma espécie de "o melhor do que já fizemos". Vai ser uma apresentação centrada no "Kish Kash", óbvio, porque é nosso mais recente disco. Mas, como é a primeira vez que tocaremos no Brasil, vai ter as mais conhecidas. Tocaremos umas desconhecidas também, porque está na hora de experimentarmos canções novas.

Folha - Como você situa o Basement Jaxx nessa crise da eletrônica, na implosão dos superclubes e na volta aos clubes pequenos?
Ratcliffe -
A música eletrônica continua a mesma, mas a cultura dos clubes fugiu do controle. Os clubes foram ficando maiores e maiores. Tudo ficou inflado, megalômano. As pessoas precisavam gastar muito dinheiro em um clube gigante, para se divertir em uma noite. O cachê dos DJs virou um absurdo. E o custo de produção de discos dos superDJs se tornou altíssimo. Uma hora ia estourar, é natural. Foi inevitável, mas se surge uma crise de um lado, aparece uma luz de outro. Aparece gente que grava o disco na sala da casa, coisas simples e altamente sofisticadas ao mesmo tempo.

Folha - Você entende que um caminho para a cena eletrônica é a mistura de estilos?
Ratcliffe -
A base que sempre moveu o Basement Jaxx é a house music. E tanto a house em particular quanto a eletrônica em geral se tornaram uma fórmula. É muito fácil hoje em dia fazer música eletrônica e agradar as pessoas. É só escolher uma boa batida, arrumar um som seqüencial repetitivo e tocá-la alto numa pista. Esse tipo de música não interessa ao Basement Jaxx. Se house é o que nós tocamos, queremos espichar essa house para ver até onde ela agüenta. Queremos misturá-la a outros estilos de que gostamos. Corremos o risco de o resultado não ser bom. Mas o desafio é encontrar a mistura perfeita.

Folha - Descreva uma apresentação ao vivo do Basement Jaxx. O que vamos ver aqui no Brasil?
Ratcliffe -
É barulhenta, cheia de cor, várias performances, grande visual, é enérgica, divertida, dez pessoas no palco, tem guitarras, bateria, teclados e, claro, DJs.


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