São Paulo, domingo, 25 de março de 2007

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Crítica

Connery enriquece filme com aura épica

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Há poucos dias, Sean Connery pôs para fora seu desejo de encerrar a carreira fazendo o papel de pai de James Bond. Não podia ser mais perfeito, já que ele é "o pai" de James Bond (segundo pai, já que Ian Fleming tem parte na história).
Disse, ainda, que caiu fora da série quando percebeu que os "gadgets" dos filmes estavam ficando meio bestas. E disse, mais, que só toparia o papel se fosse: a) um bom papel; b) muito bem pago. Quer saber? Certos atores podem. Porque, se deve seu sucesso a muita gente, "Os Intocáveis" (Telecine Cult, 22h) não seria o que é sem Connery.
Bons atores não conseguem salvar maus filmes. Mas são capazes de dar a bons filmes uma dimensão que não teriam sem eles. Ao fazer o honesto guarda de rua de Chicago guindado à posição de intocável, Connery dá não só ao personagem mas ao grupo uma aura épica que, sem ele, faria falta ao filme.
Segundo caso: Bette Davis e Joan Crawford em "O que Terá Acontecido a Baby Jane?" (TCM, 23h40). Bette Davis faz a ex-atriz mirim que, adulta, tornou-se um fracasso. Que outra velha atriz seria capaz de cantar e dançar como uma garotinha sem ficar ridícula, mas ficando, sim, aterrorizante? Não Crawford. Uma de suas especialidades é saber sofrer estoicamente, guardar sentimentos que só partilha com os espectadores. É o que faz, como a irmã de Baby Jane que fez sucesso como atriz adulta. Baby lhe mostrará o poder da inveja.


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