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"Maligno Baal" leva Brecht para a rua
LEONARDO CRUZ
da Redação
Algumas das principais avenidas
de São Paulo têm, durante a noite,
iluminação especial sobre a faixa
de pedestres, para que os motoristas vejam claramente quem atravessa a rua.
É sobre uma faixa de pedestres,
adaptada para o palco curitibano
do teatro da Reitoria, que a Companhia Razões Inversas apresenta
hoje o seu "Maligno Baal, o Associal", espetáculo baseado em 27
fragmentos do dramaturgo alemão Bertolt Brecht.
Para o diretor Marcio Aurelio,
"o texto de Brecht faz uma análise
das relações sociais, e a rua é o espaço mais complexo que existe para mostrar essas relações".
Os fragmentos deste "Maligno
Baal", traduzidos para o português por Ingrid Koudela, foram
escritos por Brecht entre 1930 e
1954, período em que o dramaturgo decidiu retomar o personagem
por ele criado para "Baal", sua primeira peça, escrita entre 1918 e
1919.
Nas 27 cenas que compõem o espetáculo, Baal é interpretado alternadamente por sete atores. O
elenco caminha pela faixa de segurança sendo observado pelo público, que fica posicionado dos dois
lados do palco.
"A platéia está tanto à esquerda
quanto à direita da passarela, o
palco vira quase um teatro de arena", diz o diretor.
Segundo Marcio Aurelio, essa
estrutura, montada originalmente
para suportar 80 pessoas, tenta
criar uma relação de proximidade
e cumplicidade entre atores e espectadores.
Questionado se o espetáculo não
ficaria melhor se fosse encenado
em uma rua de verdade, ele diz
que, para que isso fosse possível, a
peça precisaria ter uma outra dimensão.
"Fiz "Maligno Baal' para um local fechado. Na rua, tudo teria de
ser diferente, desde a preparação
dos atores até a escolha da trilha
sonora."
A montagem é dividida em dois
grandes blocos, que para o diretor, representam duas fases distintas da carreira de Brecht. "Na primeira parte, Baal vê o mundo sob
a ótica capitalista. Na segunda, seu
mundo já gira em torno da visão
socialista de Estado", diz Aurelio.
"Maligno Baal, o Associal" deve
entrar em cartaz em São Paulo no
começo do segundo semestre. O
local da temporada paulistana ainda não está definido. "Estamos
procurando um local em que seja
possível fazer a adaptação", afirma
o diretor.
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