São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
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Exposição perde rumo após anos 20


da Redação

No catálogo de "Modos de Olhar" o curador John Szarkowski diz que, diante da vastidão do acervo, teve de optar entre fazer uma seleção de obras dos mais representativos nomes da fotografia ou uma mostra abrangente para descrever essa história de forma mais ampla.
Ele optou pela segunda e acabou sucumbido pela amplidão a que se propôs. Com um excesso descabido de obscuros fotógrafos americanos, que formam a maior parte da coleção, "Modos de Olhar" fica no meio do caminho ao tentar mostrar a evolução da linguagem fotográfica.
Salvo as fotos mais antigas, a partir da metade deste século a coleção tem um rumo equivocado ao priorizar a fotografia americana em detrimento da européia, onde de fato aconteceram os avanços mais expressivos.
Embora possamos ver obras dos principais nomes da fotografia desde a sua criação, é de estranhar a edição das imagens. Muitas vezes, como nos casos de Cartier-Bresson, André Kertész e Rodchenko, foram escolhidas obras de menores, incapazes de traduzir a importância dos mesmos no modo de olhar o mundo.
A forma racional de apresentar apenas uma foto de cada fotógrafo, colocando em pé de igualdade fotógrafos notáveis com outros nem tanto, faz com que o fio narrativo se embarace todo a partir das fotografias da década de 20.
A fotografia latina foi praticamente banida da exposição, se resumindo a um retrato do mexicano Manuel Alvarez Bravo, de 1935.
Embora o acervo tenha trabalhos de fotógrafos brasileiros, como Sebastião Salgado, Mario Cravo Neto, Maureen Bissiliat e Thomaz Farkas, nenhum foi selecionado para essa exposição.
Mas o maior problema da coleção ainda é a falta de sintonia com as imagens produzidas nos últimos 20 anos, onde a coleção é pouco representativa. Melhor seria não ter tido a pretensão de narrar a história da fotografia, mas pontuá-la com obras mais significativas dos vários períodos expostos.
Apesar dessas deficiências "Modos de Olhar" vale a visita sobretudo pela primeira parte da exposição, onde saltam aos olhos os belos retratos e a conservação das obras. (EC)


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