São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
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MOMA no MAM


Chegam a São Paulo 125 retratos da coleção do Museu de Arte Moderna de Nova York que narram a trajetória da fotografia


EDER CHIODETTO
Editor-adjunto de Fotografia

Com a pretensão de fazer um apanhado sobre a história do mundo e da fotografia nos últimos 150 anos, será inaugurada hoje, no MAM, em São Paulo, a exposição "Modos de Olhar", com fotografias do acervo do Museum of Modern Art de Nova York (MoMA).
O curador John Szarkowski pinçou para essa mostra 125 imagens de autores diferentes num universo de 25 mil que integram um dos maiores e mais importantes acervos do mundo. Fundado em 1940, o Departamento de Fotografia do MoMA teve o lendário fotógrafo americano Ansel Adams como um dos membros-fundadores.
Além de Adams, "Modos de Olhar" exibe uma constelação de autores que fizeram a história da fotografia desde a sua criação até os dias de hoje.
Montada em ordem cronológica, a exposição começa com um belo daguerreótipo (fotografia feita com instrumento primitivo inventado pelo pintor e físico francês Daguerre) de 1840 impresso em superfície espelhada num elegante porta-retratos.
Do século passado, um dos trabalhos mais intrigantes é "Madona e Filhos", feito pela inglesa Julia Margaret Cameron (1815-1879).
Inspirada pelas pinturas de Rafael, Cameron costumava levar seus modelos para um estúdio improvisado em um galinheiro, onde os fazia posar durante horas.
Numa época em que a fotografia se limitava a ser uma representação pura do real, ela subverteu a ordem ao celebrizar plebeus (geralmente seus empregados) como heróis bíblicos ou aristocratas. Um escândalo. Como as pessoas podiam ser o que não eram e ficarem imortalizadas por uma mentira? Cameron foi uma das primeiras a mesclar fotografia com ficção.
Dessa fase ainda há belos retratos como "Levando o Feno", de Peter Henry Emerson, de 1886, e a composição de Clarence H. White, intitulada "Miss Grace", de 1898. Todos exibem uma atmosfera nebulosa e lúdica em virtude das longas exposições onde os modelos permaneciam estáticos por muito tempo.
É fácil notar como nos primórdios da fotografia os artistas pegavam emprestado dos pintores a linguagem dos retratos. Embora trabalhando em preto-e-branco, os fotógrafos imitavam enquadramento, luz e composição, como fica evidente na imagem "Viúva de Guerra", de 1913, feita pela norte-americana Gertrude Kasebier.
É na década de 20 que alguns fotógrafos começam uma ruptura de linguagem, impulsionados pelo construtivismo e por artistas como Man Ray, representado na exposição por um fotograma de 1922.
Uma foto célebre dessa época é "Torso de Neil", de 1925, onde Edward Weston fotografou o corpo de seu filho atribuindo a ele a materialidade de uma escultura.
Avançando no tempo chegamos a Alfred Stieglitz, Cartier-Bresson, Richard Avedon, Eugene Smith, Robert Capa e Manuel Alvarez Bravo entre uma infinidade de outros nomes que, de várias formas, impulsionaram a linguagem fotográfica neste século.
A partir dos anos 60 "Modos de Olhar" perde o fôlego e traz poucas obras contemporâneas relevantes. A mostra fecha com um retrato dos menos impactantes da americana Cindy Sherman, ícone da cultura pós-moderna.

Exposição: Modos de Olhar: Fotografias do acervo do Museum of Modern Art New York Onde: MAM Museu de Arte Moderna de São Paulo (parque Ibirapuera, portão 3; tel. 011/ 549-9688) Quando: abertura hoje às 19h. A partir de amanhã até 16 de maio, de ter. a sex., das 12h às 18h (qui. até 22h); sáb, dom. e feriados das 10h às 18h Quanto: R$ 5 e R$ 2,50 (estudantes); às terças a entrada é gratuita para menores de 10 anos ou acima de 65 anos Monitoria: visitas guiadas com atividades especiais podem ser agendadas por telefone Patrocinadores: Petrobrás e J.P. Morgan


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