São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
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INCENTIVO
Lei ajuda MAM-SP a enriquecer seu acervo


Museu usa doações por meio da Lei Rouanet e adquire obras de Waltercio Caldas, Lygia Clark e outros, em exibição a partir de hoje


FERNANDO OLIVA
da Redação

O Museu de Arte Moderna de São Paulo acaba de enriquecer o seu acervo com alguns dos grandes nomes da arte brasileira do pós-guerra. Doze obras de Lygia Clark, Hércules Barsotti, Waltercio Caldas, Hermelindo Fiaminghi, Luiz Sacilotto, Wesley Duke Lee, Franz Weissmann e Tunga estão expostas a partir de hoje no MAM.
Em tempos de crise do real e vacas magras no mercado de arte, o museu aproveitou as vantagens da Lei Rouanet e conseguiu obras que sanam, pelo menos parcialmente, graves lacunas da arte contemporânea brasileira em seu acervo.
De acordo com Tadeu Chiarelli, curador-chefe, o MAM já tinha um projeto praticamente pronto desde o final de 96. Quando, em setembro de 1997, saiu a medida provisória nº 1.589-1, que, entre outras áreas, estabeleceu regras de estímulo às doações, o MAM precisou de apenas seis meses para ver seu projeto aprovado.
Com a verba da renúncia fiscal, apostou onde a sua coleção é mais forte e justamente onde as deficiências são mais gritantes.
A segunda fase do projeto pretende atacar a arte modernista brasileira. "Primeiro vamos sanar estas lacunas de arte contemporânea. Neste momento é mais interessante comprar uma Lygia Clark, que custa cerca de 110 mil reais, que uma Tarsila do Amaral dos anos 20, mais de 300 mil reais", compara Chiarelli.
As obras foram selecionadas por Chiarelli e Aracy Amaral, da comissão de arte, assessorados nas negociações por José Olympio Pereira, um dos diretores do museu.
Hércules Barsotti chega ao MAM com uma pintura ("Três Brancos", 59) e quatro desenhos (dois de 1959 e dois da década de 60). De Waltercio Caldas vem o objeto "A Experiência Mondrian", de 78, em que o nome do pintor holandês corre em uma tela digital (veja foto acima). A obra antecipa o trabalho da norte-americana Jenny Holzer em quase sete anos e é praticamente obrigatória em qualquer mostra de arte contemporânea brasileira.
Fiaminghi está representado por "Círculos Concêntricos e Alternados", pintura de 56. "Composição" (48), de Sacilotto, é uma das mais importantes entre as novas obras, uma das primeiras obras construtivas produzidas no Brasil.
"Cabeleira", 84, de Tunga, está no Rio e só chega no dia 6 de abril.
Quando alguma instituição for montar uma exposição sobre arte brasileira do pós-guerra, o MAM provavelmente vai estar representado por algumas dessas obras.
As aquisições também podem "conversar" com outras obras do MAM. A compra de "A Experiência Mondrian", por exemplo, permite que sejam expostas obras que antes ficavam um pouco isoladas, como "Man Ray" e "Meret Oppenheim", de Regina Silveira.
O valor total pretendido pelo MAM para esta primeira fase era de quase US$ 2 milhões. O museu conseguiu captar, em reais, pouco mais de 20% desse valor.
Com as 12 obras adquiridas agora foram gastos cerca de 60% do montante captado. Os outros 40% serão usados para adquirir trabalhos previstos pelo projeto - Carmela Gross ("Carimbos" da década de 70), Willys de Castro ("Pluriobjetos", anos 80) e Ana Maria Maiolino ("Objetos-Esculturas", 80 e 90), entre outros.
Os três doadores que formaram este primeiro fundo para aquisição de obras para o MAM foram os bancos Itaú e Bradesco e a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce).


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