São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999
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Inscrição para Rumos Visuais acaba hoje

da Redação

O que a arte brasileira tem a oferecer de novo? O projeto Rumos Visuais, do Itaú Cultural, exibe a sua versão a partir de agosto, quando começa a exibir uma seleção de artistas iniciantes vindos de todo o Brasil.
Pode participar quem tenha realizado até cinco exposições em museus ou instituições ou até uma mostra em galeria comercial. Vale a produção visual em áreas diversas, como desenho, escultura, pintura, instalação, objeto e fotografia.
As inscrições terminam hoje e a seleção será feita por meio de porta-fólio contendo cinco a dez fotos coloridas de obras produzidas a partir de 97 (informações pelo tel. 011/238-1700).
Em agosto, o Itaú Cultural promete organizar nove mostras regionais -individuais ou coletivas- dos artistas escolhidos. No final do ano, apresenta em sua sede uma grande exposição reunindo as principais peças.
A partir de uma rede de curadores -coordenada por Angélica de Moraes, Daniela Bousso e Fernando Cocchiarale-, o projeto pretende varrer o país. Os curadores principais dispõem de três assistentes, cada um cuidando de artistas de até quatro Estados diferentes.
Segundo Ricardo Ribenboim, diretor-superintendente do Itaú Cultural, o contato com as obras não vai ficar limitado aos porta-fólios. "Nossos curadores vão visitar todos os ateliês dos selecionados", disse.
O investimento não termina com realização da exposição final. "Vamos participar da formação do artista, oferecer bolsas de pesquisa e de ateliê-residência no Brasil e no exterior", afirma Ribenboim.
O custo total do projeto é de R$ 400 mil. O número de selecionados ainda não está definido, pois depende do total de inscritos. Ribenboim adianta que espera receber mais de 500 interessados, para daí escolher entre 80 e 120 artistas -estes serão contemplados com a inclusão de suas obras em pelo menos uma mostra até meados de 2001. A cada dois anos o Rumos Visuais quer remapear o país atrás de novidades.
Carla Zaccagnini, uma das curadoras-adjuntas, responsável pelas escolhas em SP, GO e DF, diz que não vai se submeter à uma "ditadura do inédito". "Não basta criar em novas mídias ou falar de questões contemporâneas para o trabalho ser considerado contemporâneo. O artista deve tratar de questões atemporais", afirma.
As novidades, entretanto, devem vir de regiões menos aparelhadas nas artes que o eixo Rio-São Paulo. "Estou mais preocupada em descobrir um artista interessante em Brasília do que rever aqueles que os galeristas de São Paulo gostam e já avalizaram", diz ela.
A curadoria de Angélica de Moraes ressalta um caráter não-autoritário. "Não vamos chegar aos ateliês como Moisés carregando as Tábuas da Lei, mas com a intenção de criar um diálogo com as diversas regiões culturais do Brasil", diz ela.
"Neste final de século, seria muita pretensão querer descobrir algo realmente novo. Sabemos que não vamos reinventar a pólvora, mas revelar artistas promissores, que tenham potencial para crescer." (FO)

Na Internet: www.itaucultural.org.br
E-mail: instituto@itaucultural.org.br

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