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Sueco estreou na 2¦ edição
da Equipe de Articulistas
A relação Bergman/Cannes é
quase tão antiga quanto o festival.
O cineasta sueco estreou em Cannes já na segunda edição, em setembro de 1947 (a edição inaugural
ocorrera um ano antes). Concorreu com seu terceiro filme, ``Barco
para as Índias'', em que pai e filho
disputam num navio o amor de
uma cantora de cabaré. André Bazin metralhou ``a falta de habilidade desastrosa'' da direção de Bergman, mas o filme conquistou uma
nota de destaque do júri.
Apenas nove anos depois Bergman voltava com ``Sorrisos de
Uma Noite de Verão''. Ficou com
um esquisito ``prêmio de humor
poético''. O vitorioso do ano foi o
documentário ``O Mundo do Silêncio'', de Jacques Cousteau e
Louis Malle, o único filme do gênero a ganhar o festival.
Bergman voltou a insistir, no
ano seguinte, com munição pesada: ``O Sétimo Selo'', seu estudo
definitivo sobre a morte. Mais uma
vez foi passado para trás, agora por
``Sublime Tentação'', de William
Wyler. ``O Sétimo Selo'' divide
com ``Canal'', de Andrzej Wajda,
o Prêmio Especial do Júri. Até hoje, foi a premiação máxima de
Bergman no festival.
Em 1958, um escândalo. ``Quando Voam as Cegonhas'', do soviético Michel Kalatozov, arrebatou a
Palma de Ouro, batendo ``No Limiar da Vida'', o admirável drama
bergmaniano sobre a maternidade. O filme acumularia o prêmio
de direção e um coletivo de interpretação feminina para o infernal
quarteto formado por Bibi Anderson, Ingrid Thulin, Eva Dahlbeck e
Barbro Hiort-af-Ornas.
Nova tentativa em 1960 com o
trágico ``A Fonte da Donzela'', sobre a violação e morte de uma jovem na Idade Média. Anselmo
Duarte disse à Folha ter testemunhado reações violentas, com
``cuspes e vaias'', ao fim de uma
sessão. O júri, presidido por Georges Simenon, abriu sua nota de deliberação ``renunciando unanimamente a coroar obras magistrais'' como ``A Fonte da Donzela''
e ``A Adolescente'' de Bu¤uel. A
Palma de Ouro foi concedida a ``A
Doce Vida'', de Fellini.
Foi o bastante. A partir de então,
Bergman recusou-se a competir.
Passaram-se 13 anos até que voltasse com um filme à Croisette:
``Gritos e Sussuros''. Em sua última década de atividade como cineasta, exibiu no festival três dos
sete filmes que realizou: ``A Flauta
Mágica'' (1975), ``Face a Face''
(1976), ``Depois do Ensaio''
(1984).
Em 1991, Cannes começava a
``mea culpa''. ``As Melhores Intenções'' valeu a Bille August sua
segunda Palma de Ouro, mas o que
se tinha em mente era celebrar sobretudo o roteiro autobiográfico
escrito por Bergman. Dois erros,
porém, não fazem um acerto.
(AL)
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