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LITERATURA
Amizade nutria-se de desejo mútuo de destruição
Livro decifra sadomasoquismo de Hemingway e Fitzgerald
do "El País"
Literatura, masculinidade e álcool. Estes são os três vértices de
uma amizade complexa: a de Ernest Hemingway (1899-1961) e
Francis Scott Fitzgerald (1896-1940), dois gigantes da literatura
que se conheceram em Paris, em
1925. Scott Donaldson, biógrafo
de ambos, acaba de publicar "Hemingway versus Fitzgerald - The
Rise and Fall of a Literary Friendship", livro que decifra essa destrutiva relação.
Para o autor, o caráter masoquista de Fitzgerald ("O Grande
Gatsby") encaixava-se nas tendências sádicas de Hemingway
("O Velho e o Mar"). Hemingway
gostava de exibir sua masculinidade, e Fitzgerald era fascinado
pelo perfil de macho do amigo,
por sua fixação pela caça e atitude
com as mulheres.
"Maricas, covarde e mariposa"
eram alguns dos termos que Hemingway utilizava ao referir-se ao
"pobre e velho Scott". Hemingway considerava Fitzgerald um
escritor indisciplinado, "um talento desperdiçado". Já Fitzgerald
considerava Hemingway o melhor escritor de seu tempo.
Donaldson trata discretamente
de um possível fundo erótico na
relação. Para o biógrafo, acima de
qualquer elemento sexual, pesam
muitos litros de álcool consumidos. Ambos bebiam para espantar suas depressões e angústias.
"Um homem não existe até que
esteja bêbado", afirmava Hemingway, para quem a forma de
beber do amigo era a de um débil.
Fitzgerald, por sua parte, escreveu
em seu caderno de notas: "Há um
complexo de inferioridade que
surge quando alguém sente que
não faz tudo o que poderia. Ernest
bebe exatamente por isso."
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