São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2000


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LITERATURA
Amizade nutria-se de desejo mútuo de destruição
Livro decifra sadomasoquismo de Hemingway e Fitzgerald

do "El País"

Literatura, masculinidade e álcool. Estes são os três vértices de uma amizade complexa: a de Ernest Hemingway (1899-1961) e Francis Scott Fitzgerald (1896-1940), dois gigantes da literatura que se conheceram em Paris, em 1925. Scott Donaldson, biógrafo de ambos, acaba de publicar "Hemingway versus Fitzgerald - The Rise and Fall of a Literary Friendship", livro que decifra essa destrutiva relação.
Para o autor, o caráter masoquista de Fitzgerald ("O Grande Gatsby") encaixava-se nas tendências sádicas de Hemingway ("O Velho e o Mar"). Hemingway gostava de exibir sua masculinidade, e Fitzgerald era fascinado pelo perfil de macho do amigo, por sua fixação pela caça e atitude com as mulheres.
"Maricas, covarde e mariposa" eram alguns dos termos que Hemingway utilizava ao referir-se ao "pobre e velho Scott". Hemingway considerava Fitzgerald um escritor indisciplinado, "um talento desperdiçado". Já Fitzgerald considerava Hemingway o melhor escritor de seu tempo.
Donaldson trata discretamente de um possível fundo erótico na relação. Para o biógrafo, acima de qualquer elemento sexual, pesam muitos litros de álcool consumidos. Ambos bebiam para espantar suas depressões e angústias.
"Um homem não existe até que esteja bêbado", afirmava Hemingway, para quem a forma de beber do amigo era a de um débil. Fitzgerald, por sua parte, escreveu em seu caderno de notas: "Há um complexo de inferioridade que surge quando alguém sente que não faz tudo o que poderia. Ernest bebe exatamente por isso."



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