São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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TV PAGA

"Casamento" tem encanto do sucesso espontâneo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Existe um monte de filmes que não eram para dar certo e deram. São essas coisas que tornam interessante a indústria do cinema. Ou suportável, diria o pessimista.
"Casamento Grego" está bem nessa categoria. Sua estrela se chama Nia Vardalos. Era desconhecida antes do filme e tudo indica que assim continuará, a despeito do sucesso. Nia é, também, autora do roteiro e da peça que lhe deu origem. Escutou muito "não" para sua história a respeito de uma jovem de origem grega, com pais militantemente gregos, dispostos a casá-la com um grego. Obviamente, quem vai se interessar por ela (e ser correspondido) de grego não tem nada.
Em linhas gerais, trata-se do que se pode chamar verdadeiramente de cinema étnico, isto é, que aborda usos e costumes de uma determinada etnia vivendo nos EUA. Foi a mulher de Tom Hanks quem percebeu que dali podia sair um sucesso e bancou o filme.
Para o cinéfilo mais exigente é quase uma ofensa. Uma história já vista mil vezes (só muda a etnia) e filmada palidamente, para tocar em tudo sem mexer em nada. Para resumir, ninguém espere uma versão grega de "Amor, Sublime Amor".
Ok, mas existe o encanto de um filme que não foi programado para ser sucesso e, no entanto, se impôs como tal. Pode ser que hoje, ao revê-lo, o espectador médio que foi ao cinema leve as mãos à cabeça e pergunte como diabo foi gostar disso.
Não importa. Os filmes mudam com o tempo. Nem todas são obras-primas. Mas existe nesses sucessos inesperados a centelha de uma alegria primitiva, que nasceu com o cinema e que os melhores esquemas de marketing não podem substituir.
É isso o que importa em "Casamento Grego", que a rigor poderia se passar entre latino-americanos ou coreanos. Mas a que a experiência da atriz-autora confere, sem dúvida, verdade.


CASAMENTO GREGO. Quando: hoje, às 22h, no Cinemax.

TV ABERTA

Kubrick aborda crise conjugal em tom de pesadelo

Trem Desgovernado
Globo, 13h15.

(Final Run). Canadá, 1999. Direção: Armand Mastroianni. Com Robert Urich, Patricia Kalember. Computador entra em pane, e trem controlado por ele está para ter desastre colossal. Feito para TV.

Batman Eternamente
SBT, 13h35.

(Batman Forever). EUA, 1995, 121 min. Direção: Joel Schumacher. Com Val Kilmer, Nicole Kidman. O Homem-Morcego tem a ajuda de Robin para enfrentar o Charada e o Duas Caras. De passagem, vai para o divã com uma psicóloga.

O Corinthiano
Cultura, 16h30.

Brasil, 1966. Direção: Milton Amaral. Com Mazzaropi, Lucia Lambertini. Mazzaropi interpreta um corintiano fanático, sempre às voltas com os torcedores rivais, em particular palmeirenses. P&B.

McQuade, o Lobo Solitário
Record, 20h.

(Lone Wolf McQuade). EUA, 1983, 107 min. Direção: Steve Carver. Com Chuck Norris, David Carradine. Norris emula o faroeste espaguete e sai de escopeta na mão atrás da quadrilha de Carradine.

Condenação Brutal
Bandeirantes, 20h30.

(Lock Up). EUA, 1989, 115 min. Direção: John Flynn. Com Sylvester Stallone, Donald Sutherland. Pouco antes de ser libertado, o presidiário Stallone é transferido para outra cadeia, onde o diretor pretende fazer de sua vida o inferno habitual nesse tipo de filmes.

De Olhos Bem Fechados
SBT, 22h.

(Eyes Wide Shut). EUA/Inglaterra, 1999, 159 min. Direção: Stanley Kubrick. Com Tom Cruise, Nicole Kidman. Cruise e Kidman fazem o casal bem-sucedido às voltas com uma crise conjugal e decorrências sexuais, que Stanley Kubrick trata num estranho tom de pesadelo. O último Kubrick não é o melhor. Mas quem mais teria coragem de filmar Nicole Kidman numa privada? (E, mais, ficar bem).

A Grande Ilusão
Bandeirantes, 23h30.

(All the King's Men). EUA, 1949, 109 min. Direção: Robert Rossen. Com Broderick Crawford, John Ireland. A vida de político que cria força e, embora provinciano, consegue se eleger governador. O futuro, porém, não será sopa para ele. Filme que Rossen fez de forma independente no tempo em que tentava demonstrar que não era comunista (tinha sido). P&B. Legendado.

Além da Linha Vermelha
Globo, 0h30.

(The Thin Red Line). EUA, 1998, 180 min. Direção: Terrence Malick. Com Sean Penn, George Clooney. Durante a Segunda Guerra, grupo de soldados aliados chega ao front do Pacífico e se prepara para a batalha de Guadalcanal. Inédito.

Medidas Extremas
SBT, 1h.

(Extreme Mesures). EUA, 1996, 118 min. Direção: Michael Apted. Com Hugh Grant, Gene Hackman. Jovem médico tenta resolver o mistério da morte e, sobretudo, desaparecimento do corpo de um paciente. Ele descobrirá que um famoso cirurgião tem algo a ver com isso.

A Última Esperança da Terra
SBT, 3h.

(The Omega Man). EUA, 1971, 98 min. Direção: Boris Sagall. Com Charlton Heston, Anthony Zerbe. Heston é o homem que permanece imune aos efeitos da radiação, após holocausto nuclear, e deve proteger os ainda humanos contra os terríveis e numerosos mutantes. Ficção científica baseada em Richard Matheson, bem dirigida e com o ator certo. Só para São Paulo.

Clube dos Cafajestes
Globo, 3h20

(National Lampoon's Animal House). EUA, 1978, 105 min. Direção: John Landis. Com John Belushi, Tim Matheson. Estudantes pouco chegados à ordem e à disciplina botam o campus de ponta-cabeça. Landis leva a comédia com elegância e humor. (IA)

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