São Paulo, sábado, 25 de abril de 2009

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Woody Allen volta a Nova York em seu novo filme

"Whatever Works", que teve estreia mundial no festival de Tribeca, tem Larry David, de "Seinfeld", como protagonista

Personagens do longa lembram os tipos que Allen inventou em "Manhattan'; filme é retorno do diretor à sua fórmula de sucesso


ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Mal começa o novo filme de Woody Allen, 73, e o personagem central, Boris, olha para a câmera e avisa: "Este não é o "filme feliz" da temporada". Mas a frase engana. "Whatever Works", que estreou na última quarta no Festival de Cinema de Tribeca, em Nova York, nem disfarça com tiradas sarcásticas o tom leve, no qual mesmo os mais descrentes não escapam a um destino otimista.
Boris é vivido pelo ator Larry David, 61, um dos criadores e roteiristas da série "Seinfeld". A fusão dos estilos de Allen e David resulta em um novo alter ego para o diretor nas telas. Boris é genial, ácido, prepotente, crítico da raça humana, mas vulnerável, com certa queda por jovenzinhas.
As esquisitices do personagem o tornam mais afável: físico de mecânica quântica, ele quase foi indicado ao Prêmio Nobel, mas tem ataques de pânico e canta duas vezes "Parabéns a Você" ao lavar as mãos "para garantir o tempo certo para se livrar dos germes".
Filmado em Nova York -para onde o diretor volta cinco anos após "Melinda e Melinda"- "Whatever Works" traz todas as assinaturas de Allen.
No enredo, depois de resistência inicial, Boris encontra na sulista Melody (Evan Rachel Wood) alguém para apaziguar suas angústias. Inicialmente é fácil se lembrar da sofisticada Tracy, personagem de Mariel Hemingway em outro filme do diretor, "Manhattan" (1979). Aos 17, Tracy faz o então quarentão Allen feliz, quase contra sua vontade. Desta vez, porém, a jovenzinha em questão é diferente. Fugiu de casa, morou na rua e é praticamente acéfala.
Faz piada com tudo o que os liberais da Costa Leste dos EUA desprezam: racistas, antissemitas, adoradores de armas, fundamentalistas religiosos, antigays. E tem o tipo de romantismo que acredita na sorte e prefere emoção à razão.
"O mundo é muito indiferente, sem sentido e violento. Você pode tentar fazer o melhor para sobreviver e ser feliz, mas precisa muito mais de sorte do que pensa", disse o diretor.
O filme não inova em linguagem, roteiro ou estilo, mas Allen não se desculpa por isso. É a confissão de que não fugirá à fórmula que o levou ao topo.


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