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Woody Allen volta a Nova York em seu novo filme
"Whatever Works", que teve estreia mundial no festival de Tribeca, tem Larry David, de "Seinfeld", como protagonista
Personagens do longa lembram os tipos que Allen inventou em "Manhattan'; filme é retorno do diretor à sua fórmula de sucesso
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Mal começa o novo filme de
Woody Allen, 73, e o personagem central, Boris, olha para a
câmera e avisa: "Este não é o
"filme feliz" da temporada". Mas
a frase engana. "Whatever
Works", que estreou na última
quarta no Festival de Cinema
de Tribeca, em Nova York, nem
disfarça com tiradas sarcásticas
o tom leve, no qual mesmo os
mais descrentes não escapam a
um destino otimista.
Boris é vivido pelo ator Larry
David, 61, um dos criadores e
roteiristas da série "Seinfeld".
A fusão dos estilos de Allen e
David resulta em um novo alter
ego para o diretor nas telas. Boris é genial, ácido, prepotente,
crítico da raça humana, mas
vulnerável, com certa queda
por jovenzinhas.
As esquisitices do personagem o tornam mais afável: físico de mecânica quântica, ele
quase foi indicado ao Prêmio
Nobel, mas tem ataques de pânico e canta duas vezes "Parabéns a Você" ao lavar as mãos
"para garantir o tempo certo
para se livrar dos germes".
Filmado em Nova York -para onde o diretor volta cinco
anos após "Melinda e Melinda"- "Whatever Works" traz
todas as assinaturas de Allen.
No enredo, depois de resistência inicial, Boris encontra
na sulista Melody (Evan Rachel
Wood) alguém para apaziguar
suas angústias. Inicialmente é
fácil se lembrar da sofisticada
Tracy, personagem de Mariel
Hemingway em outro filme do
diretor, "Manhattan" (1979).
Aos 17, Tracy faz o então quarentão Allen feliz, quase contra
sua vontade. Desta vez, porém,
a jovenzinha em questão é diferente. Fugiu de casa, morou na
rua e é praticamente acéfala.
Faz piada com tudo o que os
liberais da Costa Leste dos EUA
desprezam: racistas, antissemitas, adoradores de armas, fundamentalistas religiosos, antigays. E tem o tipo de romantismo que acredita na sorte e prefere emoção à razão.
"O mundo é muito indiferente, sem sentido e violento. Você
pode tentar fazer o melhor para
sobreviver e ser feliz, mas precisa muito mais de sorte do que
pensa", disse o diretor.
O filme não inova em linguagem, roteiro ou estilo, mas
Allen não se desculpa por isso.
É a confissão de que não fugirá
à fórmula que o levou ao topo.
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